Empreender é Correr Riscos Calculados


por Fernando Braga, consultor da TGI Consultoria em Gestão 
No imaginário coletivo, empreendedores são indivíduos destemidos que correm riscos extraordinários sem pensar duas vezes. Porém, a realidade mostra que empreendedores de sucesso têm, entre suas características mais comuns, a capacidade de correr riscos de forma calculada. Embora algumas pessoas tenham uma habilidade de avaliação inata, a grande maioria precisa lançar mão de ferramentas e métodos para avaliar oportunidades e riscos empresariais.
Teoricamente, o primeiro passo para iniciar um empreendimento ou uma unidade de negócio e até mesmo implantar uma inovação é reconhecer uma oportunidade de mercado, atendendo uma necessidade e gerando valor para os clientes. Em seguida, é importante avaliar o potencial e estimar o tamanho desse mercado, segmentá-lo, avaliar o processo de compra (quem toma as decisões e quem influencia os tomadores de decisão) e antecipar possíveis obstáculos ao novo negócio.
Após a avaliação da oportunidade de mercado, é fundamental testar a viabilidade da solução tentando prever a escala necessária, os requisitos e as soluções tecnológicas e iniciar com um protótipo ou piloto para reduzir os riscos e aumentar a flexibilidade nos experimentos e nas observações.
Para consolidar a vantagem competitiva, deve-se analisar a solução/oferta atual a que os clientes têm acesso, os concorrentes diretos, as alternativas/produtos e serviços substitutos, a exclusividade da solução oferecida e as barreiras à entrada ou cópias. Também é importante avaliar as prováveis reações e respostas dos concorrentes e do mercado.
Outro ponto fundamental para qualquer novo empreendimento é a análise dos riscos corridos e das recompensas com relação a esses riscos. Devem ser avaliados níveis de aceitação do mercado, vulnerabilidades ou requisitos tecnológicos, concorrência atual e futura, regulação, leis atuais e probabilidades de mudança, ambiente socioeconômico e interferências políticas.
Um fator que pesa bastante nessa avaliação de riscos é a governabilidade que a empresa tem sobre esses fatores: quanto maior, melhor. Caso seja muito pequena, é importante mapear quem são os verdadeiros responsáveis por influenciar as mudanças nessas perspectivas e qual a tendência atual.
A projeção de cenários (normalmente um otimista, um pessimista e um livre de surpresas) e a escolha do cenário mais provável é uma técnica bastante interessante para a avaliação dos riscos e, se feita de modo compartilhado, promove uma conversação estratégica entre as pessoas envolvidas no negócio, ajudando a fazê-las pensarem e estarem atentas às variáveis que impactam na empresa.
É indispensável, também, trabalhar com projeções financeiras e estimativas para os novos negócios ou empreendimentos e avaliar quais perdas são aceitáveis e quando parar em caso de fracasso.
É fundamental lembrar que qualquer tentativa de acerto e de inovação está sujeita a falhas e fracassos e que um dos segredos para o sucesso é não desistir nos momentos de dificuldade, e sim tentar outras vezes, aprendendo com as lições do passado.

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