Projeto Empresarial: Foco e Flexibilidade


por Fernando Braga, sócio da TGI Consultoria em Gestão
O mercado pernambucano está cada vez mais aquecido, elevando o nível de renda dos profissionais e trazendo muitas oportunidades para os empresários e empreendedores. Contudo, esse dinamismo do ambiente de negócios vem acompanhado de uma concorrência crescente e, como as batalhas do mercado são cada vez menos vencidas apenas por produtos/serviços diferenciados e mais pela gestão empresarial, uma ferramenta faz-se necessária para competir pelo futuro: o projeto empresarial. A título de exemplo, são listados abaixo alguns conteúdos que parecem indispensáveis à montagem desse projeto.
Em primeiro lugar, deve-se pensar e compartilhar com as pessoas que fazem o negócio a sua razão de ser e sua essencialidade para a sociedade e o mercado. Depois, listar os produtos e serviços que podem ser oferecidos e os concorrentes diretos e indiretos (que oferecem produtos/serviços similares ou substitutos).
É importante também mapear os diferenciais, as marcas desejadas para a empresa e os parceiros e fornecedores e pactuar as diretrizes básicas para o funcionamento do negócio e para o atendimento, incluindo regras para retiradas e remuneração, política de provisionamento para despesas futuras e investimentos e padrões para enquadramento da equipe. Orçamento e avaliação do potencial de mercado são ferramentas tradicionais que podem ter bastante utilidade.
Também vale a pena investir na pactuação de alguns acordos preliminares para o funcionamento da sociedade, fazendo o levantamento de expectativas e preocupações dos sócios e se antecipando a problemas que possam vir a surgir no futuro.
Definido o que poderia ser considerado o básico do projeto empresarial, é essencial pensar na estratégia para o futuro da organização, projetando uma visão de médio e longo prazos, fazendo avaliações dos possíveis cenários, da concorrência e da própria empresa, mapeando os principais propulsores a serem potencializados e restritores que serão enfrentados num determinado período de tempo para o alcance da visão.
Feito isso, é hora de construir o desafio da empresa para o ano, tendo em vista a visão de médio e longo prazos (como se fosse um degrau em sua direção), e definir as prioridades estratégicas os indicadores de desempenho para essas prioridades e as metas a serem atingidas.
Depois desse necessário esforço intelectual, ainda há o que fazer. A prática mostra que ajuda muito para o empreendimento dar certo a monitoração sistemática e disciplinada da estratégia, das finanças e do macroambiente concorrencial, possibilitando a antecipação de dificuldades e oportunidades, acelerando o processo decisório e viabilizando mudanças em tempo real para responder às transformações do mercado, conferindo flexibilidade ao que foi planejado.
É muito importante nesse monitoramento que a empresa mantenha o foco e seja coerente com suas diretrizes e orientações estratégicas, especialmente em seus primeiros anos de vida, quando tem menos estrutura para abarcar mais prioridades e frentes no mercado. Também a flexibilidade para se adaptar a mudanças no ambiente de negócios é imprescindível. Afinal, como diz a frase atribuída ao escritor romano Públio Siro: “O plano que não pode ser mudado não presta”.

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