“Pouca sinceridade é uma coisa
perigosa, e muita sinceridade é
absolutamente fatal“.
(Oscar Wilde, 1854-1900, escritor irlandês)
A transparência está em alta. Desde que os escândalos financeiros da década de 1990 nos EUA obrigaram as grandes corporações a abrirem seus balanços, ferramentas e práticas para assegurar o compartilhamento de informações ganharam cada vez mais espaço nas empresas. O avanço da sociedade no rumo de consolidar a democracia teve desdobramento nas organizações, com a disseminação dos princípios da gestão participativa e da governança corporativa. Hoje, incorporar a transparência como valor de gestão se tornou um diferencial de qualidade com repercussão positiva na imagem e na capacidade competitiva das empresas.
Adotar a transparência não pode ser só um discurso, tem que se concretizar na prática. Na empresa transparente, os valores são disseminados entre as equipes e evidenciados no dia a dia da gestão. Há, por exemplo, clareza do futuro desejado e dos resultados pretendidos. As regras e normas são bem definidas, divulgadas e praticadas com equidade, como na concessão de benefícios ou de oportunidades. A comunicação é clara e há liberdade de expressão para que as equipes possam falar sobre as dificuldades, questionar e criticar. Nesse ambiente, o gestor tem o papel de transmitir os valores e fazer a informação circular, demonstrando abertura para o diálogo, disposição para explicar decisões, ações e dar feedback.
Trata-se de um modelo sem dúvida exigente para os gestores, mas os ganhos são evidentes. A transparência ajuda a empresa a construir uma boa reputação, com uma imagem de seriedade e credibilidade. Os vínculos nas equipes tendem a ser firmados em uma base de reciprocidade e confiança, levando a maior autonomia e a resultados mais sólidos, menos dependentes de fiscalização.
É preciso, todavia, cuidado para não cair numa armadilha muito comum — a ilusão fantasiosa de que a transparência deve ser irrestrita e ilimitada. Não é raro que, em relação à necessária transparência, se crie a expectativa de que os empregados devem saber de tudo o que se passa na empresa, sem filtro ou barreira para que as informações circulem. Isso é um mito. Na verdade, há informações críticas para a organização que devem ser preservadas. Por exemplo, algumas estratégias, acordos e regras societárias, e mesmo informações relacionadas a processos de gestão que ainda não estão devidamente amadurecidos e consolidados para serem compartilhados com as equipes. Afinal, é preciso sempre lembrar que a transparência é um valor (que não deve ser banalizado) e a informação é um bem (que precisa ser tratado com o cuidado devido).
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br.