“O que coloca em risco
a sobrevivência da empresa
familiar bem sucedida é a
sucessão mal conduzida.”
(Cármen Cardoso, psicanalista, sócia-fundadora da TGI Consultoria)
Todos sabem que a sucessão é um momento inevitável e muito importante em qualquer empresa, especialmente nas empresas familiares. Mesmo assim, poucos temas parecem causar tanto incômodo e resistência. Em muitos casos, a questão de quem vai assumir o controle da empresa após a saída do fundador é, até, tratada de modo informal, em conversas e reuniões de família. Mas, sem um planejamento adequado nem decisões formalizadas, o processo sucessório termina sendo mal conduzido, pondo em risco não apenas a competitividade, mas a própria sobrevivência da empresa.
Os números revelam a dimensão A sucessão na empresa familiar do problema. A estimativa é de que apenas 30% das empresas bem sucedidas sob a gestão de seu fundador sobrevivem à mudança para a segunda geração. Um dos motivos que mais contribuem para esse prognóstico pessimista é, exatamente, a sucessão mal conduzida. Apesar da relevância, o tema ainda é considerado tabu. Muitos fundadores resistem em abordá-lo objetivamente devido a fatores como sentimento de exclusão, medo de ser alijado do poder, angústia de “antecipar a morte” ao discutir quem será seu substituto e mesmo a dificuldade de escolher seu sucessor entre filhos, genros, netos e outros familiares.
A questão, de fato, é delicada. Mas, para que a empresa possa se manter competitiva, é preciso que ela seja enfrentada e tratada adequadamente, o mais cedo quanto possível. O ideal é planejar a sucessão, começando a preparar os herdeiros e o plano sucessório ainda com os gestores a serem sucedidos no comando. Quem não tem um plano estruturado deve, ao menos, evitar um erro muito frequente: não formalizar as decisões sobre quem será o sucessor, caso algo inesperado ocorra com o fundador.
Bastante comuns, as declarações e acordos verbais, infelizmente, não são suficientes para resolver o problema quando ele se instala. Todas as decisões precisam estar formalmente estabelecidas, em documentos e contratos que tenham amparo jurídico e legal no caso de uma sucessão não planejada. Sob pena de o fundador deixar para a sua família não apenas uma empresa, mas um grande problema de herança.