por Bruno Queiroz, jornalista e diretor executivo da Cartello
Atualizar o Twitter em plena lua de mel, entrar no Tumblr ao mesmo tempo que dirige, acessar o Facebook no banheiro, conversar com o marido na cama pelo WhatsApp, postar uma foto no Instagram enquanto almoça podem parecer atitudes naturais nos dias de hoje, mas na verdade são sintomas da dependência de internet, com destaque para o aumento do uso das redes sociais. Esse novo tipo de comportamento já virou até temática de pesquisa para o Grupo de Dependência de Internet do Ambulatório de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Segundo um estudo do HC, a dependência se manifesta como uma falta de habilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a internet, sobretudo com as redes sociais. Isso, por sua vez, conduz a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional. Os indivíduos que gastam horas excessivas na internet tendem a utilizá-la como meio primário de aliviar a tensão e a depressão. Normalmente, apresentam perda do sono por causa do incitamento causado pela estimulação psicológica e desenvolvem problemas em suas relações interpessoais.
Para ser considerado um dependente de internet, de acordo com o Hospital das Clínicas de São Paulo, o indivíduo precisa apresentar, pelo menos, cinco dos seguintes critérios: 1) ter preocupação excessiva com a internet; 2) necessitar aumentar o tempo conectado para ter a mesma satisfação; 3) exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso; 4) demonstrar irritabilidade e/ou depressão; 5) manifestar instabilidade emocional quando a internet é restringida; 6) permanecer mais conectado do que o programado; 7) ter o trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso excessivo; 8) mentir aos outros a respeito da quantidade de horas conectadas.
A dependência da internet pode vir a ser muito maior do que se imagina. Devido ao crescimento acelerado do acesso, o Brasil lidera sistematicamente a lista das maiores taxas de conexão doméstica no mundo. De acordo com uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, as redes sociais, por exemplo, estão disseminadas em todas as classes sociais brasileiras. O estudo mostrou que 73% dos usuários da internet utilizaram redes sociais nos últimos 3 meses, alcançando na classe A o percentual de 78%, enquanto nas classes D e E o número chegou a 69%. E o uso das redes sociais não está restrito somente aos jovens. A mesma pesquisa também mostra que 46% dos usuários com 60 anos ou mais usam as redes sociais diariamente. Nos usuários com idade entre 45 e 59 anos, o percentual é de 52% e, nos usuários entre 35 e 44 anos, chega a 65%.
As tecnologias da internet e das redes sociais oferecem uma falsa sensação de estarmos mais próximos daqueles que estão distantes, mas ao mesmo tempo pode nos distanciar daqueles que estão ao nosso lado quando não sabemos usá-las com equilíbrio. Por isso, na dúvida, se você acha que pode estar com a dependência, faça um teste pelo endereço: www.dependenciadeinternet.com.br.