Pernambuco Desafiado

por Ricardo de Almeida, sócio da TGI Consultoria em Gestão
No cenário mais otimista traçado pela 11ª E&E, publicada no livro Pernambuco Desafiado, que entrará em circulação na próxima semana, o PIB de Pernambuco irá crescer cinco vezes até 2035, chegando a R$ 439 bilhões, o equivalente ao PIB atual do Nordeste. Mas, para alcançar esse índice, Pernambuco e suas empresas têm uma imensa tarefa pela frente. Além de contar com uma conjunção favorável de fatores externos, precisam superar entraves que ameaçam seu potencial de desenvolvimento. Educação básica, formação de mão de obra qualificada, maior protagonismo empresarial, investimento em inovação e capacidade de interiorização dos investimentos são alguns fatores críticos que precisam ser adequadamente enfrentados para que o Estado aproveite todas as oportunidades para a construção do futuro desejado.
Há um consenso em torno da ideia de que o grande desafio para o empresariado pernambucano é se posicionar de forma competitiva nesse novo desenho da economia. Isso passa, necessariamente, por uma mudança de postura, com foco em um maior protagonismo empresarial. Não é uma tarefa trivial. Várias cadeias produtivas tradicionais foram desmontadas ao longo do processo de desindustrialização que atingiu Pernambuco nas últimas décadas. Agora, com a retomada do dinamismo econômico, vários segmentos ressurgiram e outros se reformularam, a partir de uma nova dinâmica e da possibilidade de articulação com novos setores. Cabe aos empresários este grande esforço: ampliar sua capacidade de gestão estratégica não apenas para recuperar o tempo perdido, mas para atender às novas demandas, agora com um padrão de competitividade global.
Educação e inovação são outros entraves. A baixa qualidade do ensino e a falta de mão de obra qualificada, já observada em diversos segmentos, podem levar Pernambuco a perder competitividade para outros estados. Isso requer uma estratégia eficaz para melhorar a educação nos seus níveis básico, técnico e profissional, capaz de preparar os jovens para ocupar essas vagas no futuro ao mesmo tempo que capacita e qualifica os trabalhadores para atender à atual demanda das empresas.
Assim como na educação, os índices de inovação empresarial no Estado também estão abaixo da média nacional e de outros estados nordestinos. Segundo a última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), de 2.312 empresas pernambucanas com mais de 500 empregados, apenas 31,5% desenvolveram algum tipo de inovação, contra 36,5% da Bahia e 40,3% do Ceará. Tanto na educação e qualificação da mão de obra como na inovação, entende-se que essa é uma tarefa conjunta para Governo e empresários. É preciso formular ações que induzam à inovação e estimulem a requalificação das empresas já instaladas no Estado.
Outro aspecto preocupante na geografia desse novo mapa econômico é a concentração dos investimentos na Região Metropolitana do Recife, em especial no Complexo de Suape. Obras estruturais, como a Ferrovia Transnordestina e o Canal do Sertão, são essenciais para garantir a interiorização do desenvolvimento, viabilizando e articulando cadeias produtivas nas demais regiões e permitindo que todo o Estado seja, de fato, beneficiado pelo crescimento do PIB.

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