Estelita, dialogar é preciso!

por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
Para isso, todavia, é preciso objetividade, paciência e muita serenidade nas negociações.
Nos últimos dias, em todos os lugares onde vou, sou recebido como uma pergunta cujo conteúdo é sempre o mesmo: qual a minha opinião sobre a polêmica que se instalou na sociedade recifense acerca do Cais José Estelita.
O núcleo de minha resposta tem sido o seguinte: trata-se (o Novo Recife) de um projeto importante, num terreno estratégico para a cidade (separando os fundos do Bairro de São José da emblemática Bacia do Pina). E, apesar de elaborado de acordo com os parâmetros legais urbanísticos vigentes na época do pedido de análise, o projeto tem sido questionado por uma parcela, a cada dia que passa, mais mobilizada da sociedade. Por conta disso, acho fundamental o diálogo civilizado, em muito boa hora convocado pelo prefeito do Recife, sobre como e o quê aperfeiçoar para que o projeto reflita o mais adequado para a cidade neste momento. Afinal, como tive oportunidade de dizer em entrevista dada a Geraldo Freire na Radio Jornal, minha experiência de arquiteto e consultor de empresas me leva a ter certeza de que, por melhor que possa vir a ser um projeto, ele sempre pode ser melhorado pelo diálogo entre partes que querem, segundo seus respectivos pontos de vista, o melhor para a cidade.
Sim, dialogar é não só preciso como, neste momento, imprescindível para ltrapassar os impasses da situação (tão intensos que a própria revista Algomais, devido à sua periodicidade mensal, não pode ainda fazer nenhuma cobertura sob pena de se ver amplamente ultrapassada pela velocidade dos fatos quando de sua veiculação).
Existe uma espécie de premissa do pensamento estratégico que recomenda sempre procurar transformar os problemas que aparecem em oportunidades de avanço ou, na linguagem popular, fazer do limão uma limonada. Entendo que o caso do Cais José Estelita é uma excelente oportunidade para discutir e encaminhar não só uma solução mais adequada para a cidade, no caso específico, como também inaugurar uma nova maneira de tratar as questões do desenvolvimento urbano no Recife, de forma mais sintonizada com os anseios da sociedade, turbinados pelas redes sociais, que emergiram de forma bastante intensa desde as chamadas “jornadas de junho” de 2013, a meu ver manifestações eloquentes contra o que já chamei aqui em outro artigo de “mal estar da urbanização” das cidades brasileiras.
Para isso, todavia, é preciso objetividade, paciência e muita serenidade nas negociações. Caso contrário, perdem todos, inclusive, e muito, o Recife.
*Artigo publicado na edição 99 da revista Algomais (www.revistaalgomais.com.br).

Este post tem 0 comentários

  1. Iara Nicéas

    Concordo plenamente!

  2. Alencar

    Uma conta que não vi por aí. 12 torres x 40 andares x 2 aptos por andar x ~2 carros por apto vão despejar ~1920 carros numa via de pouco mais de 1km. Moradores terão que combinar horas de saída e chegada. Senão entope.

  3. Gustavo de Miranda

    Concordo plenamente Chico, muita conversa ,paciência ,e bons ouvidos.
    Mas sem esquecer o que já foi acordado , a oportunidade é grande , não devemos desperdiçar.
    Conte conosco.
    Abraço
    Gustavo de Miranda.

  4. Rafael dos Santos

    Ótimo ponto de vista, Francisco. Na minha opinião, uma obra deste tamanho, num lugar que é cartão postal da cidade, deve ter um acordo justo para as ambas as partes (iniciativa privada e órgãos públicos).
    Porém, a mobilidade realmente será afetada. A densidade de carros na região irá aumentar muito. Seria muito bem-vindo um investimento no transporte público na região (paradas de ônibus, corredor exclusivo, ciclovia e passarela).

  5. Ricardo Cavalcanti

    Identifico como insignificante a parcela da sociedade mobilizada contra o projeto Novo Recife. A mobilização deveria ser no sentido de se respeitar as instituições constituídas que aprovaram o projeto. Uma área abandonada e degradada por tantos anos e ninguém nem nenhuma instituição formal ou informal se dignou a apresentar qualquer proposta de ocupação. Agora que a solução foi dada, aliás com diversos ganhos para a cidade e seus cidadãos, me aparecem 1/2 dúzia de “intelectuais” e outros tantos desocupados para impedir o que já está definido.

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