por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
Eleito governador, Eduardo nos convocou para ajudar na revolução que faria na gestão da Saúde.
No enterro de Eduardo Campos tive a certeza de que participava de um evento recifense histórico do porte dos funerais de Joaquim Nabuco, José Mariano Carneiro da Cunha, Agamenon Magalhães e senti a necessidade de escrever este artigo.
Não fui um próximo de Eduardo mas nossas vidas se cruzaram algumas vezes, a começar pelo ancestral parentesco das famílias paternas dele e minha. Por conta disso, conhecia, desde pequeno, os pais (Maximiano e Ana) e os tios (Renato e Pompéia) dele.
Depois, encontrei algumas vezes Maximiano, Ana e os filhos pequenos Eduardo e Antônio na casa de Syleno e Christina (pais de Bruno Ribeiro, colega de colégio e amigo). Lembro de um dia ouvir, no terraço da casa da família Campos, na Rua do Chacon, Maximiano dizer, vendo o adolescente Eduardo passar pelo oitão, voltando da rua: “ele agora só quer saber de fazer discurso nos comícios do avô…”
Quando Miguel Arraes foi eleito para o terceiro mandato, recebo um telefonema de Ivanildo Figueiredo pedindo para a TGI apoiar o planejamento estratégico do novo governo. Entre os futuros secretários integrantes do grupo de coordenação estava Eduardo.
Eleito governador, Eduardo nos convocou para ajudar na revolução que faria na gestão da Saúde. No segundo mandato, aceitou de bom grado uma proposta de planejamento de longo prazo para Pernambuco que fizemos a ele, eu pela TGI, Tania Bacelar pela Ceplan e Claudio Porto pela Macroplan. Daí, surgiu o projeto Pernambuco 2035 contratado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e apoiado pelas nossas empresas. Dois dias antes de deixar o governo para concorrer à presidência, Eduardo lançou a Visão de Futuro do projeto.
No dia do acidente, eu participava em São Paulo de um seminário da revista Exame no qual Eduardo estava programado para falar. Já tinha me preparado para dar pessoalmente os parabéns pela participação no Jornal Nacional quando, cinco minutos antes da hora marcada para a palestra (que só então soube que seria feita por outro), foi dada a notícia do acidente. A comoção foi geral!
No plano pessoal, o Eduardo que conheci foi um cara em privado muito atencioso, de grande senso de humor, um excelente contador de histórias. No plano político, um profissional de talento incomum que conseguiu a proeza inédita de projetar-se nacionalmente a partir de uma gestão regional feita num estado quase periférico
da Federação.
A perda pessoal para a família e os próximos foi irreparável. Para o futuro de Pernambuco no Brasil foi inestimável.
*Artigo publicado na edição 102 da revista Algomais (www.revistaalgomais.com.br).