por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
A evolução mostra que cada vez mais é necessário um planejamento estratégico para as cidades.
A cidade, sua formação histórica e a importância de uma gestão estratégica foram os focos da reunião da Rede Gestão, realizada na quinta-feira passada (06), no restaurante Pátio Café, nas Graças. A temática Gestão Estratégica de Cidades foi apresentada pelo arquiteto e sócio da TGI Consultoria em Gestão Francisco Cunha, que falou sobre as cidades, desde sua origem até os dias de hoje e seus principais desafios. “A cidade precisa de um gestor apaixonado por ela, com determinação, visão estratégica de longo prazo e ousadia”, definiu Francisco Cunha.
A apresentação começou com a afirmação de que poucas cidades no Brasil foram criadas com base em um planejamento urbano. Para ilustrar, Francisco mostrou que a cidade foi criada na história, dentre outros motivos, para juntar as pessoas e que, depois de milênios de evolução, chegarão ao Brasil pela lógica do traçado português, “organicamente desorganizado”. “Nunca houve preocupação sistêmica com o planejamento/desenvolvimento das cidades brasileiras, com exceção de Brasília e umas poucas, como Curitiba.”
O consultor mostrou ainda a história da evolução do homem e sua tendência à agregação em aldeias, que posteriormente vieram a se transformar em cidades. “Das primeiras cidades passamos a entender a formação das organizações primitivas das Américas, a evolução da organização grega até a Revolução Industrial, que começou a configurar a criação dos subúrbios, ou seja, o início da cidade moderna”, completa. Foi apresentado também o ranking das melhores cidades para se viver, com destaque para o Canadá e a Austrália, que tiveram sete representantes entre as dez melhores. O primeiro lugar ficou com Melbourne (AUS).
O debate fluiu ainda para a discussão sobre o modelo de gestão ideal, alinhando a estratégia, a estrutura e a equipe (pessoas), tudo isso envolvendo o escopo das cidades (a “alma”), reforçando o conceito de que estas devem sempre ser voltadas para as pessoas. Para Francisco Cunha, um dos passos mais importantes do modelo proposto é a retomada do controle urbano das cidades brasileiras como medida prévia moralizadora e legitimadora para as demais iniciativas fundamentais.
Além dessa retomada, o modelo sugerido prevê, no caso do Recife, o restabelecimento imediato do planejamento a longo prazo (Visão de Futuro); o “destravamento” da mobilidade (Caminho); a recuperação do centro da cidade (Valorização da História); e a revitalização do Rio Capibaribe (Rio). “No Recife temos um rio que pode e deve ser usado dentro desse processo de costura da cidade. Se formos estudar outras cidades também encontramos esse tipo de situação, seja um rio, uma avenida ou outro eixo estrutural emblemático. As primeiras cidades no mundo surgiram ao lado de rios”, finalizou Francisco Cunha.