“Os grandes navegadores
devem sua reputação às
grandes tempestades.”
Epicuro (341 a.C – 270 a.C), filósofo grego
No Gestão Mais, publicado na edição anterior, foi argumentado que na a crise é importante ter cuidado com as finanças da empresa. Esse é um controle, de fato, imperativo. Mas, ao mesmo tempo, há outro ponto que precisa ser considerado, de natureza mais comportamental: qual a melhor atitude para lidar com a crise?
O dia a dia de qualquer gestor é marcado por demandas e pressões, internas e externas. A equipe, os clientes, os fornecedores, os pares, os superiores hierárquicos, todos pedem ou cobram alguma coisa: entregas de qualidade, prazos, preços menores, custos controlados, melhores resultados, novos benefícios, mais apoio, mais informação… a lista é interminável. Na crise esse contexto é mais intenso e o termômetro da pressão, sobe… e sobe. Assim, como reagir bem a esse clima permanente de pressão e tensão?
O gestor tem duas opções. A primeira delas, infelizmente muito frequente, é a atitude defensiva. Defender- se é compreensível porque é uma atitude de sobrevivência, mas seus desdobramentos são pouco eficazes: tentar reduzir ou até negar a dimensão da crise; não admitir as próprias falhas; buscar culpados; apontar soluções que dependem de outros; desdobrar; amplificar a cobrança ou isolar-se e buscar soluções individuais (sempre parciais). Todas, atitudes tomadas pelo indivíduo como se tentasse convencer a si mesmo de que fez a sua parte e o que falta é com os outros.
Paradoxalmente, essa atitude não traz bons efeitos, nem mesmo o de reduzir a tensão. Pelo contrário, os erros tendem a se repetir, os supostos culpados se justificam ou se defendem; quebram-se as alianças e a solidariedade; todos terminam sendo ameaça para todos. É a crise quem comanda a pauta e, por isso, a tensão só aumenta. Deste modo, aumenta a sobrecarga de trabalho e emocional, cai a produtividade e não se chega aos resultados desejados.
A outra opção é a chamada atitude criativa, que implica na determinação de analisar a crise de modo realista, mas não ser pautado pelos problemas e focar na solução, ou seja, na superação. E soluções para situações difíceis dependem de ação conjunta e complementar. Os gestores, principalmente, precisam atuar como equipe, todos assumindo corresponsabilidade pela qualidade e efetividade das soluções. Integração, cooperação, compartilhamento de conhecimentos são palavras de ordem. Precisam fazer prevalecer a consciência de que, por maior que seja a crise, ela pode ser menor que a capacidade da empresa para superá-la e, até, para aproveitar as oportunidades que costumam aparecer nesses períodos de turbulência.
Enfim, o processo de constituir colegiados de gestão, onde se pactua o compromisso de atuar como equipe integrada e afinada é um dos mais eficazes recursos para instalar as condições que permitam o florescimento de respostas criativas.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br