O que esperar do mundo, do Brasil e de Pernambuco em 2015


por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
O consultor Francisco Cunha ressaltou a necessidade de ter um planejamento a longo prazo.
Este foi o tema abordado pelo consultor Francisco Cunha, diretor da TGI Consultoria em Gestão, durante o lançamento da Agenda TGI 2015, realizado no Armazém Blu’nelle, na última segunda-feira (1º de dezembro). Durante o evento, Francisco falou para mais de 600 empresários, executivos e profissionais convidados, apresentando os cenários políticos e econômicos mais prováveis para o próximo ano.
Com a economia mundial em lenta recuperação após a crise de 2008, no próximo ano os países do Brics continuam com um protagonismo maior em um mundo menos polarizado. Enquanto os EUA seguem uma linha de recuperação mais consistente, a Zona do Euro deve continuar enfrentando uma deflação econômica e a China segue na sua trajetória de redução do patamar histórico de crescimento. No Brasil, a “estagflação” — aumento do PIB perto do zero com inflação acima da meta, os desarranjos macroeconômicos e a desconfiança dos agentes serão os principais entraves para o desenvolvimento.
Na trajetória contrária, Francisco Cunha falou que a expectativa é de que o crescimento de Pernambuco se mantenha acima do índice nacional em 2015, como resultado da operacionalização dos grandes empreendimentos trazidos para o Estado. Em meio a esse cenário, o Recife segue com o desafio de reverter o quadro de caos urbano focando em um planejamento de longo prazo, buscando encontrar soluções para problemas como falta de mobilidade, calçadas intransitáveis, abandono do centro histórico e degradação do Rio Capibaribe.
Segundo o consultor, o Brasil ainda está “bem na foto”, quando visto de fora. “Apesar do ano turbulento, com dois trimestres de crescimento negativo em 2014, agora o que se vê é uma trajetória de recuperação”, aponta. Para ele, com o esgotamento do poder de consumo das famílias, a alternativa é atrair novamente os investimentos para o País, apesar da desconfiança trazida pelos recentes escândalos de corrupção e desarranjos macroeconômicos. “Para reestabelecer a confiança, ajustes terão que ser feitos com urgência, começando por um reajuste tarifário pesado”, completa.
Para Pernambuco, Francisco Cunha prevê que o desenvolvimento econômico permanecerá no rumo de crescimento já traçado há mais de uma década. “O desafio agora para o Estado é a ‘colheita’ da ‘plantação’ feita com os investimentos estruturadores, com criatividade, procurando tirar proveito das carências, que são também grandes oportunidades”, pontua. Para ele, entre os desafios que o próximo governador de Pernambuco enfrentará, está a manutenção dos investimentos, como, por exemplo, na educação e em infraestrutura, em um ambiente econômico nacional desfavorável e em um ambiente político bastante exigente.
Nesse cenário, o planejamento a longo prazo se apresenta como a forma mais viável para Pernambuco se manter na linha de crescimento. Para tanto, foi divulgada em junho do ano passado (2014), pelo então governador Eduardo Campos, a Visão de Futuro do Plano Estratégico de Desenvolvimento de Longo Prazo – Pernambuco 2035, com projetos públicos a serem realizados — com recursos estaduais, da União e de financiamentos internacionais — a partir da próxima gestão, com foco em habitação, saneamento e urbanismo, sustentabilidade, saúde, segurança, defesa social e mobilidade. “Pela primeira vez em mais de 50 anos, o Estado tem um plano de crescimento de longo prazo”, afirma Francisco. A TGI é uma das empresas responsáveis pelo projeto realizado em consórcio com as consultorias Macroplan e Ceplan, com a escuta de amplas parcelas da sociedade, por encomenda do Governo de Pernambuco.
Seguindo a mesma linha de visão de futuro com o plano Recife 500 anos, para o consultor, a capital pernambucana, saturada após a chegada dos investimentos industriais ao Estado, deverá focar, além de na mobilidade, no controle urbano. O Parque Capibaribe aparece como a solução mais viável para os intensos desafios da cidade. O projeto prevê a criação, ao longo das margens do rio, de ruas, alamedas, ciclofaixas, passarelas, calçadas e espaços de convivência para a população. Segundo Cunha, após seu tratamento integral e inovador, o Rio Capibaribe tem a capacidade de “recosturar” o fragmentado tecido urbano da cidade. “Recife tem jeito, sim, apesar das dificuldades. E o jeito se chama Rio Capibaribe”, finaliza.

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