Se entendemos que liderança significa, lato sensu, a habilidade do gestor para envolver, motivar e comprometer as pessoas cujos desempenhos estão sob sua responsabilidade, falar com e para os liderados é, não só, dever de ofício mas, também, imperativo de sobrevivência e recurso especialmente poderoso para estimular nas equipes a capacidade de contribuir para a superação da crise.
Essa convicção, porém, nem sempre é a tônica na cultura das organizações, decerto por influência de traços culturais da nossa sociedade. Frases como “em boca fechada não entra mosca”, “quem diz o que quer, escuta o que não quer” ou “a palavra é prata, o silêncio é ouro”, embora expressem uma pretensa sabedoria popular estão, na verdade, na contramão das boas práticas de gestão.
Falar de assuntos difíceis como riscos, incertezas, inquietações, ameaças ou perdas, pode ser uma tarefa árdua, mas é vital para gerar um ambiente de crença na possibilidade de superar dificuldades.
Ao contrário, é a omissão da palavra que gera as piores especulações. São o silêncio, a falta de transparência e o falso otimismo, diminuindo as dificuldades, que induzem a proliferação de ilusões negativas que, facilmente, se transformam em boatos. E boatos muito repetidos, sem o contraponto da fala do líder, terminam por ganhar valor de verdade.
A fala franca, o espaço para o diálogo, a explicitação da razão das decisões difíceis ou o esclarecimento de falsas suposições evidenciam o respeito do líder com seus liderados e reforçam sua credibilidade.
“Uma das características do líder é seu discurso. A habilidade de falar, de conseguir sintonia com seus liderados, lhe dá condições de dirigir o grupo e ser respeitado por ele. Ele é capaz de fazer com que as pessoas anseiem por sua fala, porque dela deriva algum ganho para todos, como dicas, orientações e palavras de bom senso.”
(Heródoto Barbeiro in Falar para Liderar)
Dicas
1. A pior verdade bem dita é melhor que qualquer suposta verdade.
2. A franqueza, por mais difícil que seja seu conteúdo, tende a mobilizar o crédito de quem ouve.
3. A circulação de informações atualizadas evita que o vazio de notícias seja preenchido por suposições.
4. Falar é apenas o início pois é no diálogo que se completa a comunicação.
5. Assumir o limite do que não se sabe e do que não pode ser dito também é ser transparente.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br