No dia 30 de junho, a ÁgilisRH realizou mais um encontro do seu Grupo de Estudo em RH, que reúne representantes do setor de diversas empresas pernambucanas para discutirem sobre temas atuais e relevantes para a área de Gestão de Pessoas. A reunião teve como objetivo debater a gestão da crise e os impactos deste momento de instabilidade econômica na área de Recursos Humanos.
Entre os participantes do Grupo de Estudo estavam gerentes de RH de empresas dos segmentos de transporte, construção civil, varejo e indústria. No encontro, eles apresentaram as respostas obtidas em uma pesquisa realizada entre os líderes de suas organizações e elaboraram as principais conclusões sobre a postura dos gestores diante da crise e a expectativa para a atuação do RH neste momento.
A primeira questão levantada abordava os impactos da crise na organização e no dia a dia dos empregados. Segundo as respostas obtidas na pesquisa, entre os principais impactos observados nas empresas estavam redução da receita, racionalização de despesas, reestruturação de processos e diminuição no fluxo de caixa.
No que diz respeito às equipes, o que se observou foi um cenário de insegurança com o futuro, sobrecarga de trabalho, estresse e desmotivação. Entretanto, percebeu-se também que, em empresas que já investiam na gestão de pessoas antes da crise, existe uma movimentação de engajamento por parte das equipes e maior cuidado com qualidade do serviço, além da motivação em ajudar a empresa a enfrentar o momento de instabilidade econômica.
Em seguida, foram debatidos os principais comportamentos que podem agravar ainda mais uma situação de crise. Entre as atitudes observadas entre as lideranças estavam as decisões intempestivas, pouco repasse de informações para os empregados, estresse nas relações, pressão para cumprir prazos e metas e despreparo para lidar com situações não favoráveis. Entre os empregados, percebeu-se o aumento dos boatos, o medo do futuro, a evasão de receita, queda da qualidade do serviço e inércia.
Outro ponto levantado foi se a crise pode acabar ameaçando os valores da empresa. Todos os entrevistados responderam que pode afetar sim, principalmente os que dizem respeito à valorização dos colaboradores, excelência nos serviços e honestidade. Mas o que o RH pode fazer para preservar os valores da empresa, amenizar o clima de insegurança e preservar a aliança da equipe com a organização?
Os participantes do Grupo de Estudo responderam que é preciso ter maior proximidade com equipe e motivá-la, investir numa gestão aberta e em campanhas de engajamento. É essencial abrir espaço para o diálogo, assim como promover eventos de integração e palestras informativas sobre o cenário da economia nacional, mundial e sobre a própria situação da empresa. Para eles, essas ações poderão trazer como efeitos a manutenção do espírito de equipe, o estímulo pela busca por alternativas para minimizar os efeitos da crise, a ampliação da confiança nos empregados, a abertura de espaço para boas ideias e o fortalecimento do clima organizacional.
Oportunidades e ameaças
Diante de um cenário em que aumentam as pressões para fazer mais por menos, os participantes do Grupo de Estudo foram estimulados a apontarem as principais oportunidades e ameaças para o RH e para as lideranças. Eles identificaram que os profissionais de RH têm agora, diante do momento de crise, a oportunidade para buscar saídas mais estratégicas, soluções inovadoras e que fortaleçam as alianças com as equipes. Como ameaças, o que se vê é a desvalorização da área de RH, a perda da confiança, a dificuldade em reter talentos e os baixos recursos para investir em ações.
Já para as lideranças, o que se identificou foi a oportunidade de melhorar processos, de aprender com os erros e conhecer melhor a equipe. Como ameaças, o que se apontou como mais prejudicial foi a perda de talentos, a diminuição na qualidade do serviço, o desanimo generalizado e a sensação de fracasso. E quais os desafios que os setores de RH e os líderes devem enfrentar para tornar reais as oportunidades e amortecer os riscos?
Para o RH, é preciso investir cada vez mais na transparência, aprimorar a criatividade e reforçar a ideia de que a gestão de pessoas é um diferencial nas organizações. Para os líderes, o que se vê é a necessidade de manter a confiança na organização e o equilíbrio, dar um bom exemplo aos seus liderados, mesmo quando se sentir ameaçado, e buscar meios de aumentar a produtividade.
Conclusões
Com os resultados da pesquisa e o debate sobre o tema, os participantes puderam concluir que a gestão aberta e a transparência são essenciais para que as empresas consigam sobreviver à crise. Entretanto, um grande entrave nesse caminho é a resistência de alguns líderes em promover o diálogo com as equipes. Por isso, o grande desafio do RH no momento é estimular essa troca de informações, ajudar as lideranças no enfretamento das dificuldades e gerar uma consciência coletiva de que cuidar das pessoas pode não resolver a crise, mas ajuda a atravessá-la.