Com a chegada do final do ano, as empresas começam a pensar nas suas avaliações e a se prepararem para o próximo exercício. Uma ferramenta de grande utilidade para isso é o planejamento estratégico.
Em vista disso, talvez seja oportuno chamar a atenção para uma característica do planejamento estratégico, freqüentemente esquecida, que é o seu potencial mobilizador da intenção (da “mente”) e da emoção (do “coração”) das pessoas em relação ao futuro das organizações para a qual trabalham.
Michel Godet, especialista francês em prospectiva e estratégia, chega a falar em três capacidades estratégicas básicas a serem desenvolvidas pelas organizações competitivas: de antecipação; de realização; e de mobilização.
É, justamente, essa capacidade de mobilização das pessoas que pode e deve ser desenvolvida e potencializada pelo planejamento estratégico como um resultado tão ou, até mesmo, mais importante do que o próprio produto formal do processo que é o plano estratégico.
Quando se está realizando o planejamento estratégico de uma empresa, se está tratando, sobretudo, de estabelecer, reforçar ou revisar o seu direcionamento estratégico e não, apenas, fazer um plano, por mais brilhante e detalhado que seja.
“Mudar o direcionamento estratégico é principalmente um processo mental.”
Thomaz Wood Jr., professor da FGV/SP
E como processo mental, tanto mais consistente será quanto mais disseminado estiver no pensamento das pessoas na empresa.
A experiência com a gestão empresarial tem evidenciado, inclusive, que a “ancoragem” estratégica de uma organização é diretamente proporcional ao desenvolvimento do seu pensamento estratégico. Ou seja, quanto mais pessoas estiverem constantemente pensando estrategicamente em relação ao futuro da empresa, mais consistente será sua situação competitiva no mercado e menos arriscado será seu futuro.
Portanto, conquistar as “mentes” das pessoas é um objetivo que deve fazer parte de qualquer processo de planejamento estratégico que se preze. Mesmo porque, embora seja materialmente visível e consiga gerar produtos ou serviços palpáveis, uma empresa é, sobretudo, em sua essência, uma construção mental.
“Uma empresa é uma escultura do pensamento.”
Clemente Nóbrega, consultor carioca
Todavia, embora fundamental, isso só não basta. Tão importante quanto conquistar a mente das pessoas para a estratégia da empresa, essencial também é conquistar seus “corações”. Sem isso, a conquista da mente é precária. Sem a dimensão afetiva ou emocional, a dimensão racional ou “mental” fica incompleta, como bem destaca o escritor francês Saint-Exupéry.
“É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos.”
Antoine de Saint-Exupéry, 1900-1944
Conquistar “o coração e as mentes” das pessoas para a estratégia e o futuro das empresas é, portanto, uma das tarefas mais relevantes da gestão contemporânea. Sem que isso seja feito, sem pessoas com o pensamento estratégico desenvolvido e alerta (com a “mente” conectada), bem como sem que estejam afetiva e emocionalmente envolvidas (com o “coração” conquistado), a fragilidade competitiva da organização será muito grande, por mais poderosa ou sólida que ela aparente momentaneamente ser.
Usar o planejamento estratégico também com esse foco é uma excelente oportunidade.