Neste 11 de setembro completam-se cinco anos do maior atentado terrorista de todos os tempos. Pela primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA foram atacados em seu próprio território.
“… era o primeiro ataque ao território americano desde Pearl Harbor, e os prédios eram o símbolo da pretensão da superpotência e da síndrome nova-iorquina de ‘cidade número 1 do mundo’.”
Daniel Piza, jornalista brasileiro, Continente Multicultural
O 9-11 (nine-eleven) como passou a ser chamado, provocou tal atordoamento nos EUA e no mundo, em relação ao futuro, que ainda não permite nenhuma conclusão definitiva. Numa espécie de homenagem ao quinto aniversário dos atentados, foram lançados dois filmes referentes ao episódio. Um chama-se “Vôo 93”, que já estreou no Brasil, e trata do drama vivido pelos passageiros do vôo 93 da United Airlines, o único dos quatro vôos seqüestrados que não atingiu nenhum alvo e caiu numa área desabitada da Pensilvânia. O outro é “As Torres Gêmeas”, do diretor Oliver Stone, que trata do drama de dois bombeiros sobreviventes ao desabamento do World Trade Center.
“A tragédia de 9-11 polarizou o mundo. Mas um fato que todos concordamos é que não temos uma resposta. Na manhã do dia 11 de setembro, nós saltamos de um mundo do pós Guerra Fria, que durou de 1989 a 2001, para um futuro incerto.”
Paul Greengrass, diretor do filme “Vôo 93”
Depois dos atentados, os EUA, humilhados pela afronta inusitada e pelo impacto da perda de 2.800 vidas (cujo resgate completo dos corpos, muitos não identificados, levou oito meses de árduos trabalhos no coração de sua capital cultural) inventaram o conceito de “guerra preventiva” e partiram para a invasão do Afeganistão e do Iraque, mandando às favas o multilateralismo da ONU, cassando a lendária liberdade de imprensa norte-americana e suspendendo temporariamente os direitos civis dos seus cidadãos.
“Os EUA perderam muito do respeito que tinham no mundo, e teremos que nos esforçar muito para reconquistá-lo. Mas isso terá que começar com uma auto-análise, e acho que ainda não passamos por isso.”
Lawrence Wright, jornalista da revista “The New Yorker”
Enquanto essa auto-análise não vem, os EUA que, para a invasão do Iraque usaram o surrado argumento dos “arsenais de armas de destruição em massa”, nunca encontrados, entraram num verdadeiro atoleiro e se vêem às portas de uma guerra civil num país de onde não conseguem sair, trazendo à tona a desagradável lembrança do Vietnã.
“As conseqüências do 11 de setembro foram piores do que o próprio dia. Eu tenho razões para me deprimir, especialmente por ser veterano do Vietnã. Muitos veteranos do Vietnã estão muito deprimidos com a situação em que estamos no Iraque.”
Oliver Stone, diretor do filme “As Torres Gêmeas”
Não só os EUA mas, de um modo geral, o mundo ainda não conseguiu digerir direito o que aconteceu há cinco anos e tem dificuldade de aprender as lições do ocorrido, de modo que não consegue fazer muito para impedir que outras coisas do gênero voltem a acontecer.
“Se quisermos ser melhor preparados no futuro, que aprendamos com os erros de 9-11.”
Paul Greengrass, diretor do filme “Vôo 93”