Três cenários que "iluminam" ofuturo e qualificam a estratégia projetada

 
Conforme antecipado no número anterior, são descritos a seguir três cenários para o Brasil em 2004, a partir da evolução provável de três dimensões críticas (econômica, política e social). Esses cenários foram construídos com a colaboração de mais de 100 executivos de empresas diversas.
1.Cenário Favorável
Dimensão Econômica: crescimento da economia > 4%, desafogo fiscal com inflação abaixo de um dígito e câmbio estabilizado em torno de R$ 3,00.
Dimensão Política: aprovação das reformas da Previdência e Tributária, e início da Trabalhista, com estabilidade da base política do governo.
Dimensão Social: paralisação da piora do quadro social com o sucesso da política governamental e controle das invasões no campo e nas cidades.
2.Cenário Livre de Surpresas
Dimensão Econômica: crescimento da economia @ 2%, com inflação estabilizada e o câmbio abaixo de R$ 3,00.
Dimensão Política: encaminhamento da reforma da Previdência, sem grandes concessões, impasse na Tributária, emperramento da Trabalhista e início de instabilidade na base política do governo.
Dimensão Social: manutenção da situação de pressão social com a indefinição da política governamental e continuação de invasões no meio rural e nas cidades.
3.Cenário Desfavorável
Dimensão Econômica: crescimento da economia < 2% (ou recessão), arrocho fiscal, inflação pressionada e câmbio instável.
Dimensão Política: dificuldades no encaminhamento da reforma da Previdência, paralisação da Tributária e da Trabalhista e desagregação acentuada da base política do governo.
Dimensão Social: piora do quadro de pressão social com emperramento da política governamental e descontrole das invasões no campo e nas cidades.
Na avaliação da probabilidade de ocorrência desses cenários, os mesmos executivos que colaboraram na sua construção indicaram aqueles que no seu sentimento tinham mais probabilidade de ocorrência.
O resultado a que se chegou foi a “eleição” do cenário Livre de Surpresas como sendo o mais provável, com os seguintes percentuais: 75% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Econômica; 80% no que diz respeito à Dimensão Política; e 68% no que diz respeito à Dimensão Social.
As outras probabilidades computadas foram no Cenário Favorável: 15% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Econômica; 10% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Política; e 0% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Social. E no Cenário Desfavorável: 10% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Econômica; 5% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Política; e 32% de probabilidade de ocorrência da Dimensão Social.
Evidentemente, apesar de, no fim do processo, o resultado se revestir de um aparente “rigor” estatístico, justamente por conta da ilusão propiciada pela matemática dos percentuais, é preciso não esquecer que, ao fim e ao cabo, tratam-se de percepções, como, aliás, tudo o mais que diz respeito ao futuro.
Em meio à inescapável incerteza sobre o que virá, o principal mérito da construção de cenários e da decorrente computação de probabilidade de ocorrência, é abrir com mais nitidez o leque de possibilidades e, com isso, lançar um pouco mais de luz em direção ao futuro.
Cabe a nós, planejadores, lançar mão dessa “iluminação” para dar mais qualidade às formulações e à estratégia que se pretende por em prática.

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