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Depois de meses de preparação, o presidente Lula lançou o já famoso PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na semana passada com previsão de investimentos da ordem de R$ 503,9 milhões com crescimento de 4,5% do PIB em 2007 e 5% nos anos seguintes até 2010. Trata-se de um pacote de medidas destinadas a fomentar o crescimento econômico que, na prática, inaugura o segundo tempo do governo Lula.
âTem medidas positivas e outras negativas. Se cumprirá seu objetivo, só o tempo dirá. Uma primeira análise, porém, recomenda cautela em relação à s audaciosas metas apresentadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste começo de fato do segundo mandato.â?
Kennedy Alencar, jornalista, Folha Online, 24.01.07
Não se trata de nenhuma inovação como plano de governo pois são muitos os seus antecessores. Todos com o objetivo de âacelerarâ? o desenvolvimento do paÃs, ainda que não anunciassem isso no tÃtulo.
âPlano de Metas de JK, Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), Nova PolÃtica Industrial, Brasil em Ação, Programa de Aceleração do Crescimento (…) O PAC é herdeiro dessa tradição brasileira de embalar metas, projetos e lançar como pacotes medidas supostamente capazes de colocar o Brasil no desenvolvimento sustentável.â?
Renata Lima, jornalista, Jornal do Commercio, 28.01.07
O PAC tem o grande mérito de juntar todas as intenções num lugar só e colocar as ações previstas do governo de um modo que possa ser acompanhado pelo próprio governo e pela sociedade. Afinal, todos concordam que é preciso fazer alguma coisa para recolocar o paÃs no rumo do crescimento. No primeiro mandato, apesar da intenção de fazer isso, manifesta na expressão repisada pelo presidente do âespetáculo do crescimentoâ?, não foi feito um plano para dar conseqüência ao discurso presidencial.
âO projeto de Lula, mesmo no campo das intenções, caminha na direção certa. à preciso sair de algum ponto e o PAC tenta dar esse pontapé inicial.â?
Carlos José Marques, diretor editorial, IstoÃ, 31.01.07
O PAC tem pouco de novo já que é, na prática, uma colagem de previsões de investimento dos orçamentos público e das estatais, futuros e em andamento. Até o deputado não reeleito por São Paulo, Antônio Delfim Netto, um declarado defensor do presidente Lula, cotado inclusive para um cargo no novo governo, admite isso.
âO plano não tem grandes novidades. A maior parte dos projetos de infra-estrutura nele previstos está parada desde 1997. O mérito do plano foi recuperar um projeto de desenvolvimento econômico e procurar acender o espÃrito animal dos empresários.â?
Delfim Netto, economista, Veja, 31.01.07
Aà é que parece residir o problema. Segundo os economistas, para que a economia possa crescer 5% como previsto pelo governo (justamente para se contrapor aos 2,5% de crescimento médio dos últimos 25 anos), é preciso que haja investimento de 25% do PIB. Hoje esse Ãndice está em 20%. Os 5 pontos percentuais restantes dependem, sobretudo, da crença dos investidores de que os investimentos produtivos darão melhor retorno que os financeiros, muito diferente do que acontece hoje. O PAC pode ajudar a fazer retornar essa crença. Ou não. Mas o futuro próximo, com certeza, dirá.