Há inflação reprimida?

Circula na bolsa de apostas da previsão econômica no país uma nova tese: por conta da alta do dólar e do aumento dos custos de produção, existe uma inflação reprimida que não chegou ainda nos preços ao consumidor em razão de a economia estar em recessão. Conclusão lógica: logo, portanto, que a economia voltar a crescer essa inflação, sem o freio da demanda contida, se refletirá nos índices do varejo.

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Delfim Netto otimista

Antônio Delfim Netto, 70 anos, deputado federal pelo PPB-SP, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento foi, desde o início do Plano Real, o mais contundente e sistemático crítico do que chamava "armadilha da estabilização" e se traduzia por: câmbio valorizado, juros astronômicos e exportações deprimidas que impediam o país de crescer a taxas de 6% ao ano para atender a demanda por empregos e combater o déficit público com o aumento "sadio" da arrecadação de impostos, não com a ampliação da já alta carga tributária. O registro de sua crítica vem sendo feita pelo Conjuntura & Tendências desde 1996 (ver números 68, 84 e 121).

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5 anos e uma âncora nova

Na semana passada o Plano Real completou cinco anos do lançamento da nova moeda (sem contar a estréia da URV, em março/94), alcançando uma façanha até hoje difícil de acreditar: o controle da inflação crônica que há mais de uma geração assolava a economia do país.

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Um governo em crise permanente

Já no meio do seu quinto mês de mandato, o segundo governo FHC ainda não disse a que veio e mergulha em mais uma crise. Primeiro, a declaração de moratória do governador Itamar Franco, jogando gasolina na foqueira da desconfiança, depois a desvalorização atabalhoada da moeda e os mais negros cenários para a economia em 99. Quando começa a retomar a iniciativa política, a colher os frutos da renegociação do acordo com o FMI e da melhoria dos cenários econômicos, com a não confirmação das previsões catastróficas, desaba-lhe sobre a cabeça a CPI dos Bancos.

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A estabilização estressada

Após o fechamento dos termos do novo acordo do Brasil com o FMI (ainda a ser referendado pelo conselho do Fundo), depois que a desvalorização do real tornou obsoleto o acerto anterior, ficaram mais evidentes os contornos do cenário com o qual o governo vem trabalhando para tirar o país do buraco macroeconômico em que foi jogado pela teimosia em esticar, muito além da conta, uma política econômica que deveria ter sido temporária.

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O cenário Antônio Carlos

Cenários podem ser entendidos como projeções de futuros possíveis. Não têm a "obrigação" de acontecer e, se adequadamente esboçados, devem funcionar, do ponto de vista das empresas, por exemplo, como insumos para a formulação de alternativas sobre os rumos a serem tomados, caso as tendências projetadas se confirmem. Rigorosamente, pode-se dizer como Arie De Geus (ver C&T 188) "Não é possível saber, e não importa, qual será o futuro. A única pergunta relevante é: o que faremos se tal coisa acontecer?".

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