Resista aos aumentos!

Depois de um longo período acuado (infelizmente, pelo menos por enquanto, em se tratando de economia, pouco mais de um mês voltou a ser "um longo período"), o governo federal retomou a iniciativa da cena política. Dois fatos ocorridos na sexta-feira 26.02.98 evidenciam isso: a reunião do presidente com os governadores e a aprovação da nova diretoria do Banco Central pelo Senado.

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Uma hipótese radical

Nesses tempos bicudos em que a desestruturação da economia (ainda que, esperamos, temporária) coloca as empresas em situação delicada, vale a pena enunciar, de um modo intencionalmente radical para ajudar na sua defesa, uma hipotese controversa:

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Não se deixe esmorecer

Terminado o carnaval, a nova realidade econômica vai-se fazer sentir com toda a força na gestão das empresas. O fantasma da frustração de receitas combinado com o do aumento de despesas ainda vai assombrar muita gente. Tudo o que já foi feito em termos de redução de custos e aumento de faturamento vai parecer insuficiente. O desânimo pode começar a rondar a gestão. É preciso não se deixar abater. Um gerente, um dirigente, abatido é um péssimo exemplo a ser seguido. Resista! Os próximos meses serão difíceis mas os novos rumos da política econômica abrem perspectivas melhores no médio prazo do que antes da flutuação do câmbio. Todavia, não se deve esperar nenhuma moleza no curto prazo (seis meses, no mínimo). A seguir, algumas palavras do milenar livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, para ilustrar a necessidade de não esmorecer.

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O cenário Antônio Carlos

Cenários podem ser entendidos como projeções de futuros possíveis. Não têm a "obrigação" de acontecer e, se adequadamente esboçados, devem funcionar, do ponto de vista das empresas, por exemplo, como insumos para a formulação de alternativas sobre os rumos a serem tomados, caso as tendências projetadas se confirmem. Rigorosamente, pode-se dizer como Arie De Geus (ver C&T 188) "Não é possível saber, e não importa, qual será o futuro. A única pergunta relevante é: o que faremos se tal coisa acontecer?".

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O que pode acontecer?

O Governo, empurrado pelo mercado e não por vontade própria, trocou uma "aposta" de política econômica (real valorizado e financiado por recursos externos abundantes, até que o ajuste fiscal fosse feito e a âncora cambial pudesse ser trocada pela âncora fiscal) por uma outra "aposta" muito mais exigente em termos de prazo (real desvalorizado, com financiamento monitorado pelo FMI e ajuste fiscal de emergência). Com isso, promoveu a abertura de, pelo menos, três cenários diferentes para a economia e a política do país. Se a "aposta" atual der certo, teremos o cenário da Estabilização Estressada. Se não der certo, abre-se a possibilidade de dois cenários distintos: o da Sarneyzação do Governo ou o da Volta à Estaca Zero em termos da estrutura de controle da política econômica.

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Pelo fio da navalha

Em termos de emoções econômicas, o ano de 1999 está se saindo muito melhor do que a encomenda. Depois das difíceis, embora surpreendentemente rápidas para os padrões estabelecidos, negociações com o FMI e o G-7 (que preencheram o vazio político entre o final das eleições e a posse do presidente reeleito), o ano iniciou quentíssimo com o rastilho de pólvora displicentemente aceso por Itamar Franco. Queda de Gustavo Franco, o guru da âncora cambial; tentativa de desvalorização controlada do real, com o frustrado alargamento da banda promovido pelo novo presidente do Banco Central; flutuação do câmbio, imposta pelo mercado no dia seguinte; euforia da bolsa de valores, com a maior alta do Plano Real; nervosismo no mercado de câmbio, com a moeda norte-americana fechando sua primeira semana livre com uma valorização acumulada no ano de 99 em torno de 40%; forte incerteza quanto ao futuro.

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… E o câmbio flutuou

O caldo já estava pelas bordas, quando chega Itamar Franco (o "Forrest Gump" mineiro, na expressão do jornalista Luiz Nassif) e com sua já lendária inconseqüência anuncia uma impronunciável moratória que entorna tudo. Resultado: o Brasil assume, de fato, a posição de "bola da vez" da crise financeira internacional e sofre o quarto e mais agudo ataque especulativo às suas reservas desde a quebra do México, em dezembro de 94.No espaço de três dias, em meio à substituição do seu presidente, demissão e readmissão do diretor de fiscalização, o Banco Central muda a política cambial duas vezes e, com isso, coloca por água abaixo o mais renitente dos instrumentos de controle do Plano Real: a chamada âncora cambial.

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Para que um consultor?

A Exame de 2 de dezembro passado, do alto de sua autoridade de revista de negócios mais lida do país, publicou, como reportagem de capa, a matéria intitulada Quem Precisa de Consultor?, alertando: "não contrate um sem ler antes o que temos a dizer a respeito." Pela importância do assunto e pelo fato de ter sido objeto de comentários de vários leitores do Conjuntura & Tendências, vale a pena fazer algumas considerações sobre a questão.

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34 ministros é demais

O presidente Fernando Henrique Cardoso toma posse do seu segundo mandato, em condições completamente diferentes daquelas de quatro anos atrás, anunciando que não foi eleito para ser "o gerente da crise" mas para superá-la. A realidade, todavia, é que assume bastante fragilizado politicamente devido à delicada situação econômica em que o país mergulhou, depois que a "aposta" da equipe econômica (financiar a "estabilização" com capitais externos abundantes) foi "abalroada" de frente pela "descarrilamento" da Rússia, em agosto passado. Para que não fique, de fato, restrito apenas à gerência da crise, não pode abrir mão de ser um bom gerente do seu governo.

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O segredo do sucesso

A literatura é farta em depoimentos e recomendações sobre como ser bem sucedido nos negócios e/ou na vida pessoal. Tem receitas para todos os gostos. Um exame atento desse material, todavia, permite destacar algumas referências que ajudam a esboçar uma conclusão, ainda que provisória, sobre a questão (como, aliás, toda conclusão sobre temas desta natureza).

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