A inquietação necessária

    Qualquer pessoa que raciocina como dono de um negócio (não importando se é, de fato, ou se sente como se fosse), sabe que não há “descanso” possível. Nem mesmo quando se está de férias… (há quem ache que neste momento, principalmente).
    Embora algumas abordagens, que se pretendem voltadas para o “desenvolvimento” empresarial, preguem coisas como “paz de espírito”, “tranqüilidade” e “relaxamento”, as evidências têm mostrado que isso não é possível, pelo menos do modo simplista defendido. Isto não quer dizer que o empreendedor não possa atingir estados satisfatórios e, mesmo, freqüentes, do que se poderia chamar, na falta de melhor definição, de algo como um “repouso vigilante.” Mas, por certo, nunca, “desligado.”
    Seja em relação à maximização de resultados, à descoberta de formas melhores de atender os clientes, à elaboração de produtos melhores e, principalmente, em relação à preocupação com a concorrência, há que ficar em permanente estado de “prontidão.”
    Aliás, o empreendedor não cai nunca na esparrela de descuidar-se dos concorrentes. Sabe o perigo tremendo que isto significa.
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    Dando-se o desconto pela comparação bélica, assim como pela natureza oriental e, portanto, quase esotérica da citação, é significativo constatar a longevidade da preocupação, que permanece atual, talvez mais do que nunca, pelo menos entre nós.
    Essa “preocupação com o inimigo”, representando a inquietação quanto ao negócio é não só necessária como fator determinante de sobrevivência empresarial.
    E “inimigos” são também, além dos concorrentes (mesmo considerando que numa visão contemporânea de mercado, não o sejam, necessariamente), todos os fatores (muitas vezes internos) que trabalham contra a competitividade.
    Na luta contra o “inimigo”, uma questão vital é que a inquietação não pode ser exclusiva do empresário, pois ele, só, não dará conta da complexidade crescente dos negócios, nem da multiplicidade dos fatores intervenientes.
    As concepções mais atualizadas de empresas tendem a compreendê-las como conjuntos de unidades de negócio, funcionando tanto melhor quanto mais autônomas forem, desde que interdependentes, onde aqueles que a gerenciam, ou que delas participam como gerenciados, raciocinam e agem com a “lógica de negócio.”
    Num contexto cada vez mais exigente, disseminar o conceito de unidades de negócio, bem como incentivar e desenvolver a capacidade empreendedora das pessoas, em cada unidade, para, ao mesmo tempo, repartir e potencializar a “inquietação necessária” passa a ser, para o empresário, fator crítico de sucesso do “seu” negócio, a empresa.