Pernambuco não está estagnado

Imagem 90.JPG    Estudo divulgado pela Sudene na semana passada aponta que Pernambuco foi o estado nordestino que menos cresceu no período de 1970 a 1995, muito embora sua taxa média de crescimento anual tenha sido 5,1%, menor do que a do Nordeste (5,8%) mas maior do que a do Brasil (4,6%), num contexto de crescimento da economia mundial em torno de 3% ao ano.
    Não há novidade neste fato. Novidade seria, por exemplo, a confirmação de uma tendência inversa como a que parecia se esboçar em 95, quando o PIB de Pernambuco apresentou, no período de janeiro e novembro, crescimento de 10,8%, o 2º maior do país (ver a respeito, Conjuntura & Tendências nº 51).
    A rigor, pode-se dizer que, desde o século XVIII, quando o ciclo do açúcar foi suplantado pelo ciclo do ouro, que Pernambuco, a província mais rica e centro vital da economia colonial nos dois primeiros séculos de nossa história, vem perdendo posição relativa no país.
    É incorreto, no entanto, confundir perda de posição relativa com decadência ou estagnação. Não é decadente uma economia que, apesar dos pesares, de acordo com os dados da Sudene para 1995, mantém a posição de 2º PIB do Nordeste (representando mais da metade do da Bahia, 1º colocado; 5% a mais que o do Ceará, 3º colocado; 92% a mais que o do Maranhão, 4º colocado; e 152% a mais que o do Rio Grande do Norte, 5º colocado). Tampouco pode ser considerada estagnada uma economia que cresce a taxas de mais de 5% ao ano, de fazer inveja a muito “tigre” por aí.
    Além do mais, mesmo o indicador de posição relativa aponta que o estado não só não perde, como amplia a participação no PIB nacional de 2,4% em 1970 para 2,7% em 1995. E, se no Nordeste, perdeu posição, foi no período 70 a 85, quando caiu de 18% para 16% de participação no PIB da região, porque no período de 85 a 95, passou de 16% para 17%.
    No período estudado pela Sudene, os estados que mais cresceram foram, justamente, os menores e que tinham espaço para isso: Rio Grande do Norte e Ceará que representavam, em 1970, respectivamente, 20% e 50%, da economia de Pernambuco.
    A questão precisa ser colocada de outra maneira. Segundo a economista Tânia Bacelar (no encontro sobre a pernambucanidade, promovido pela Pesquisa Empresas & Empresários – Ano 7, em 10.10.96): é preciso não assumir a perda de posição relativa como sinônimo de crise; o que acontece é que a economia de Pernambuco está em transição acelerada e, em relação ao paradigma do século XXI (produção de conhecimento, inteligência, recursos humanos, informática), temos uma base muito boa para desenvolver, o que é bom para o estado.
    De acordo com o presidente do Instituto de Planejamento de Pernambuco (Condepe), José Ailton de Lima, “a economia pernambucana está em transformação. Os setores tradicionais, como o têxtil e o da cana-de-açúcar, estão sendo substituídos por outros como o de serviços e da fruticultura” (Folha de São Paulo, 06.10.96).
    Para Armando Monteiro Neto, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), na mesma reportagem da Folha, a economia pernambucana “perdeu o dinamismo” de antigamente, mas não se encontra “estagnada”.
    A questão principal a ser colocada talvez seja não gastar tempo demais discutindo o que não existe e, sim, dirigir as energias para a ampliação da competitividade do estado e de suas empresas, considerando o horizonte do próximo século. Mas, isso já é assunto para outro Conjuntura & Tendências.