Não é fácil ser gerente

“Ser chefe, às vezes é isso: que se tem de carregar cobras na sacola, sem concessão de se matar.”

Guimarães Rosa em “Grande Sertão: Veredas”

Todo chefe, nas organizações, é um gerente. É aquele que tem pessoas sob sua responsabilidade e a missão de, com elas, fazer com que as coisas aconteçam. Todo chefe é “gerente”, mesmo que não seja esse o nome do seu cargo.
Ser um gerente eficaz sempre foi uma das coisas mais difíceis de conseguir numa organização. Hoje em dia, então, face às amplificadas exigências competitivas, o desempenho gerencial ganha, tanto mais essencialidade, quanto complexidade ainda maior.
Para começo de conversa, em qualquer lugar onde atue, o gerente ocupa um espaço intermediário que requer habilidades diferenciadas. Ele funciona sempre como uma espécie de elo de ligação entre a organização e sua equipe.
Neste lugar, extremamente exigente, do qual não pode escapar, o gerente recebe, inevitavelmente, pressões, cobranças e solicitações constantes; não só dos dirigentes maiores da organização (diretores, acionistas, sócios), dos seus pares (outros gerentes) e dos integrantes de sua equipe mas, também, dos clientes, pois é de sua responsabilidade garantir, em última instância, a qualidade do atendimento.

Nesta condição, o gerente funciona como um sintetizador permanente dessas pressões. Sua habilidade principal é fazer acontecer o que é preciso, considerando os interesses continuamente conflitantes dos diversos atores envolvidos.
Tem, portanto, uma função política importante. Não pode fazer só o que quer ou só o que os dirigentes, ou gerenciados ou, mesmo, clientes querem. Tem que garantir que o resultado seja o melhor para a organização, negociando os descontentamentos para que não se transformem em impossibilidades.
Por isso, tem que lidar com alguns perigos (as “cobras”), sem poder exterminá-los, nem ser exterminado por eles. E, mais, nem mesmo tem “concessão de se matar” pois não é justo consigo mesmo deixar-se fracassar.
Gerente com sucesso: uma coisa tão difícil quanto fascinante. Para fazer bem é preciso gostar de fazer.