Mas o doutor não mandou?

“Há dois tipos de empregados que qualquer patrão deve evitar: os que não fazem o que ele manda e os que só fazem o que ele manda.”

Bud Hadfield, 72 anos, fundador da rede de franquias KIWIK COPY, a maior cadeia de gráficas rápidas do mundo, com faturamento US$ 500 milhões por ano, Revista Exame, 31.07.96

Imagem 137-1.JPG    Algumas pessoas que leram o Conjuntura & Tendências nº 133 (Gerenciando pelos Resultados) manifestaram suas dúvidas sobre a validade de aplicar o que foi sugerido (gerenciar pelos fins e não pelos meios) nas suas empresas, dado o nível de pouca autonomia do pessoal.

    Claro que, assim como cada pessoa é diferente da outra, cada empresa tem suas peculiaridades e características exclusivas. A prática tem demonstrado à exaustão como são precárias as receitas prontas e as regras gerais salvadoras, quando o assunto é gestão empresarial.

    Entretanto, é possível fazer algumas observações complementares ao que já foi referido no número 133, mesmo admitindo, de partida, a dificuldade de generalizar.

    Na maioria das situações, por incrível que pareça, é bem menos trabalhoso gerenciar pelos meios, dizendo passo-a-passo o que a pessoa deve fazer para conseguir determinado resultado, do que fazer o contrário. Gerenciar pelos resultados, significa constatar que a pessoa tomou decisões erradas, sendo freqüentemente necessário refazer tudo, não raro mais de uma vez, até dar certo. Significa ter uma postura educativa, permanente e trabalhosa. Significa um investimento e como todo o investimento, com retorno quase sempre a longo prazo.

Imagem 137-2.JPG    Seguir o caminho do gerenciamento pelos resultados até as últimas conseqüências requer paciência, disciplina e tempo, às vezes indisponível. Significa controlar o impulso de assumir logo a tarefa e fazer a coisa pessoalmente, já que, indiscutivelmente, sairia muito mas rápido e melhor.

    É trabalhoso mas tem que ser feito porque todos os indicadores da gestão contemporânea apontam para a grande importância da empresa contar com o maior número possível de pessoas com iniciativa, capazes de agir com autonomia e boa dose de espírito empreendedor.

    Há quem diga, inclusive, que só sobreviverão as empresas que tiverem muitas pessoas com essas características. E essas características não se desenvolvem em pessoas que fazem só o que o patrão manda.

    É responsabilidade de quem gerencia formar pessoas e equipes autônomas. É uma tarefa indelegável, tão nobre quanto difícil.

    Não resta dúvida de que, para quem tem que fazer as coisas , é bem mais cômodo obedecer, inclusive para transferir a responsabilidade pelos fracassos. Geralmente não é maldade, é por comodismo mesmo e, talvez, um pouco de raiva de não ter sido perguntado.

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    Na empresa em que isto também poderia acontecer… quem está pagando os custos?