Uma estratégia mínima

A formulação de uma estratégia não é uma coisa simples, muito embora formular ainda seja mais fácil que executar. Uma boa estratégia tem que ir sendo “curtida” ou “moldada” ao longo do tempo, conforme o conceito de Henry Mintzberg (professor da McGill University, Canadá, e do Insead, França, um dos maiores estudiosos do assunto). O planejamento estratégico ajuda muito como exercício sistemático que obriga à reflexão periódica sobre os rumos da empresa mas não garante, por si só, uma estratégia de qualidade.

“A estratégia de uma empresa é mais que seu planejamento estratégico, vai muito além de um processo racional e estruturado com começo, meio e fim. Não pode ser disciplinada com rigidez e controlada nos detalhes. Uma estratégia tem movimentos subterrâneos; pode permanecer sem ser notada por um longo período e aflorar onde menos se espera. Uma vez identificada, porém, deve ser aperfeiçoada com dedicação de artista. Sua completa formulação vai-se misturar com sua implementação, em um processo contínuo de aprendizado organizacional, com idas e vindas, erros e acertos.”

Thomaz Wood Jr. em “Mais Leve Que o Ar – Gestão Empresarial na Era de Gurus, Curandeiros e Modismos Gerenciais”, edição conjunta Atlas-Carta Capital, São Paulo, 1997

O Conjuntura & Tendências, nos números 95 a 99, já detalhou o processo básico de planejamento estratégico. Aqui expõe o hardcore, o núcleo central do processo, de modo a ajudar no exercício de uma formulação estratégica mínima. Trata-se, na essência, de uma avaliação estratégica seguida da definição de prioridades. Inicia-se com a construção da mundialmente conhecida matriz SWOT (Avaliação Estratégica) e, depois, respondendo a pergunta: o que não pode deixar de ser feito? (Prioridades). O nome da matriz é composto pelas iniciais de quatro palavras inglesas: Strenght (Força), Weakness (Fraqueza), Oportunity (Oportunidade), Threat (Ameaça). Nada mais é do que o cruzamento dos aspectos facilitadores e dificultadores externos à empresa (as Oportunidades e as Ameaças) com os fatores facilitadores e dificultadores internos à empresa (suas Forças e Fraquezas).
 
Se não é possível seguir um processo mais detalhado de planejamento estratégico (no mínimo 16 horas de trabalho em grupo), vale a pena juntar os responsáveis pela direção da empresa e preencher esse formulário. Primeiro a matriz SWOT, depois as Prioridades. A experiência mostra que mesmo fazendo apenas isso a empresa já tem ganhos importantes em termos de pensamento estratégico compartilhado.