No primeiro Gestão Hoje do ano, do século e do milênio, uma razão concreta para otimismo: visto do momento atual, o ano 2001 talvez seja o que oferece as melhores perspectivas em termos de crescimento econômico das duas últimas décadas.
Como foi exposto no número passado, desde que o cenário internacional se mantenha livre de surpresas (queda do preço do petróleo, pouso suave da economia norte-americana, estabilidade da economia argentina e moderado crescimento mundial), em 2001, o Brasil reúne muito boas condições para dar os passos iniciais rumo ao crescimento sustentado (acima de 6% ao ano por vários anos seguidos), capaz de mudar o patamar do desenvolvimento nacional.
A inflação (monstro econômico dos anos 80 e da primeira metade dos 90) está controlada, os juros começam a baixar, o câmbio flutua dentro de margens suportáveis, o setor público apresenta superávites primários, a dívida pública está estabilizada, o déficit do balanço de pagamentos é financiável com capitais não voláteis. Só a balança comercial ainda não reagiu como necessário mas deve ficar estabilizada ou levemente superavitária no próximo ano.
É importante não esquecer que todos esses fatores estão reunidos, pela primeira vez em décadas, num ano pré-eleitoral e, embora não sejam por si só auto-sustentáveis, reúnem todas as condições para serem potencializados por um ritmo de crescimento mais vigoroso. Pela forma como estão reunidos, podem muito bem dar início a um círculo virtuoso de crescimento.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o senso de oportunidade política da atual aliança governista nas duas ocasiões em que disputou eleições presidenciais. Em 1994, a queda dos índices de inflação coincidiam a cada mês, matematicamente, com o crescimento da candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Resultado: eleição no primeiro turno. Em 1998, apesar da difícil situação das reservas cambiais do país e da insustentabilidade da cotação do real frente ao dólar, o presidente conseguiu ser reeleito no primeiro turno para fazer a desvalorização quinze dias depois da posse.
Na próxima eleição presidencial, o grande cabo eleitoral não será mais, como nas duas anteriores, a estabilidade da moeda. Ela já está politicamente consolidada. O grande eleitor será o crescimento econômico.
Há um ditado oriundo da sabedoria popular que diz: “tudo está bem quando acaba bem”. Se o governo FHC terminar pilotando uma onda de crescimento sem precedentes na história recente do país, as falhas do presidente serão esquecidas e muito dificilmente ele deixará de fazer o seu sucessor. E ele sabe disso, certamente, melhor do que qualquer um.
Há, inclusive, uma possibilidade bem plausível que viria em muito contribuir para esse objetivo como um forte fator de ordem psicológica: a queda do preço da gasolina. A se confirmarem as previsões de queda do preço do petróleo no mercado internacional, o governo poderá baixar até quatro vezes o preço da gasolina em 2001.
Com as perspectivas otimistas de retomada do crescimento econômico sustentado no país em 2001, todos os que fazemos o Gestão Hoje desejamos aos leitores um ano novo repleto de realizações e de bem estar pessoal. Vamos continuar juntos trabalhando e torcendo pelo país. Um grande abraço!