Com bom humor, o presidenteLula dá exemplo relevante para o país

 
O presidente Lula, nesses meses de governo, tem demonstrado uma virtude que, a despeito das pressões de grande monta que o cargo lhe impõe, mantém intocada: o senso de humor.
Madre Teresa de Calcutá, nascida Agnes Gonxha Bojaxhiu, na Albânia, missionária na �ndia, disse, num escrito bastante divulgado:

“O pior defeito? O mau humor.”

Madre Teresa de Calcutá, 1910-1997

Nós sabemos disso porque tivemos presidentes mal-humorados. Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo, últimos presidentes do período militar, foram notórios mal-humorados. Mais recentemente, a dupla Collor e Itamar lembrou-nos o custo adicional que pagamos quando temos, na alta magistratura do país, um chefe de estado de mal com a vida. Fernando Henrique Cardoso, pelo contrário, parecia sempre de bem com a vida e cultivava o bom humor, às vezes, até, dizia-se, a ponto de “perder o amigo mas não a piada”. Pelo menos, pelo lado do humor, foi-nos mais leve que seus antecessores.
O exemplo do presidente é bom porque o bom humor serve tanto para a Presidência da República como para qualquer um no nosso dia-a-dia. Com a carga pesada que temos, o riso é, sempre, uma espécie de antídoto para as inevitáveis dificuldades que enfrentamos.

“O dia mais perdido de todos é aquele em que não se riu.”

N. de Chanfort, 1740-1794, escritor francês

Rir, diante das exigências e, muitas vezes, dos absurdos da vida, dizem-nos os otimistas, é o melhor remédio. Dizem-nos outros, também, que é sempre bom desconfiar de quem não ri, sobretudo de quem não ri de si mesmo.
No trabalho, então, onde as exigências são, na maioria das vezes, muito grandes, o bom humor passa a ser um requisito, mesmo, de sobrevivência da lucidez, tanto individual, quanto coletiva.

“Para sobreviver nesses tempos difíceis, você terá de rir de si mesmo e das situações muito mais vezes do que imagina. O humor é a melhor arma para evitar que você e sua equipe enlouqueçam.”

Tom Peters, consultor dos EUA, Você S/A, maio/2001

E não “enlouquecer”, ou seja, manter-se lúcido diante dos desafios que nos são colocados na vida e no trabalho é indispensável à sobrevivência e à competitividade. Há, inclusive, aqueles que incluem o humor como ingrediente fundamental, quando perguntados sobre a receita do sucesso, como é o caso de Mário Prata no livro “Deve Ser Bom Ser Como Você”, do jornalista Sidney Rezende:

“Trabalho, trabalho, trabalho. Seriedade, uma boa dose de humor e ter prazer no que faz.”

Mário Prata, escritor brasileiro

Ao que parece, seriedade, humor e prazer, são coisas que se aprimoram com o tempo. Jorge Amado, chega mesmo a dizer que o humor não é coisa da juventude, explicando o humor presente na sua obra tardia.

“O humor não é coisa da juventude. O jovem tem força criadora, elã, paixão, entusiasmo e ímpeto, uma coisa que depois você tem menos. Depois você tem a experiência, e o humor é da experiência.”

Jorge Amado, Jornal da Tarde, 04.01.1992

Seja como for, o importante é cultivar, ter e praticar o bom humor. O presidente Lula dá um bom exemplo para o país. Ele mesmo que já foi um sujeito bem carrancudo no passado, talvez seja um exemplo da teoria de Jorge Amado. Desenvolvido, inato ou ambos, o bom humor, a capacidade de rir das coisas e de si mesmo, é o que nos faz humanos. Como disse Aristóteles: “o homem é o único animal que ri”.