Em qualquer organização que se preze, existem disputas de opiniões, discussões em torno de idéias, “brigas” por posições e sobre rumos a adotar. Organizações “tranqüilas”, onde tudo se passa na maior calma, só existem na ficção ou em raros ambientes protegidos da competição de mercado.
O normal é que onde existe vida, existem, também, turbulência, opiniões opostas em disputa, divergências sobre os caminhos a seguir.
“Nas grandes equipes os conflitos tornam-se produtivos. Livre fluxo de idéias e sentimentos conflitantes é essencial para o pensamento criativo. Para descobrir novas soluções ninguém deve contar só consigo mesmo.”
Peter Senge, autor do livro “A Quinta Disciplina”
A grande sabedoria, própria das organizações bem sucedidas, é não se deixar paralisar por essas disputas inevitáveis e, mesmo, imprescindíveis, conseguindo, pelo contrário, extrair sabedoria das divergências.
Claro que isso não é fácil e exige, sobretudo, um aprendizado bem exigente das pessoas: separar o que é disputa profissional do que é ataque pessoal. Com o apoio de uma terminologia contábil, poder-se-ia dizer: separar a pessoa jurídica da pessoa física. Ou seja, é preciso aprender a administrar a emoção, sem, no entanto, esterilizá-la. Afinal, sem emoção, as coisas importantes não acontecem.
Pergunta: “As pessoas costumam achar que decidem e pensam melhor quando estão de cabeça fria, livres de emoções. Esta é uma impressão correta? Resposta: “É uma impressão totalmente errada. As emoções são extraordinariamente importantes no processo de decisão. A emoção faz parte do mecanismo neurológico da decisão.”
Antônio Damásio, neurologista português
Há, inclusive, quem defenda ser a emoção, junto com o conhecimento, um dos principais ativos das empresas bem sucedidas.
“Se as principais vantagens competitivas das empresas vêm das inovações ou da qualidade das experiências que proporcionam a seus clientes, então seus principais bens são o conhecimento e a emoção. Se conhecimento e emoção estão principalmente na cabeça das pessoas, são elas o maior ativo das companhias.”
David Cohen, revista Exame, 01.05.2002
Portanto, não é de se estranhar a ocorrência de discussões, não raro emocionadas, sobre pontos de vista diferentes, nas organizações competitivas. O fundamental é evitar a “contaminação” das relações pessoais por conta dessas disputas profissionais. Ou seja, é imprescindível que as disputas não sejam levadas para o “campo da honra”.
Para isso, torna-se indispensável adotar algumas condutas básicas como: (1) não fazer acusações pessoais; (2) procurar não se fixar num ponto de vista por teimosia; e (3) nunca tripudiar sobre o vencido no caso de ter seu ponto de vista vitorioso.
Também é muito importante evitar disputas intermináveis.
“Uma disputa prolongada significa que ambas as partes estão erradas.”
François Voltaire, 1694-1778, escritor francês