Há 60 anos, no dia 8 de maio de 1945, a Alemanha assinava a sua rendição, encerrando os combates da Segunda Guerra Mundial no solo europeu (no Pacífico o encerramento do conflito só se deu em 2 de setembro do mesmo ano com a rendição do Japão). Foi o maior conflito armado da história da humanidade no qual morreram mais de 50 milhões de pessoas, 2/3 das quais civis. Seu encerramento marcou o início de uma nova era no mundo.
“Os historiadores são unânimes em apontar que a rendição da Alemanha nazista marcou o momento em que o cronômetro da história foi zerado. A nova contagem passou a seguir a construção dos alicerces sobre os quais repousa o mundo moderno.”
Revista Veja, 04.05.2005
A propósito do tema, além da boa reportagem da revista Veja da semana passada e de outra, excelente, publicada na revista Exame desta quinzena (11.05.2005), está em cartaz no circuito comercial o filme “A Queda – As Últimas Horas de Hitler” (Der Untergang), direção de Olivier Hirschbiegel, 2004. Baseado no livro do mesmo nome do historiador alemão Joachim Fest e nas memórias de Traudl Junge, secretária particular de Hitler desde 1942, o filme, brindado pela excelente interpretação do ator suíço Bruno Ganz no papel do ditador, narra as últimas horas do führer no seu bunker em Berlim.
É impressionante e intrigante verificar o fascínio e o temor que o alquebrado ditador ainda exercia nas horas finais sobre os seus seguidores. Era, ali, apenas uma pálida imagem do que havia sido durante 12 anos para uma Alemanha humilhada pela derrota na Primeira Guerra: uma promessa de retomada do orgulho e da hegemonia da nação alemã e da raça ariana. Uma promessa que justificou atrocidades inimagináveis e um massacre perpetrado em escala industrial contra os judeus, eleitos pelo fanatismo comandado por Hitler como os responsáveis pelas humilhações às quais os alemães foram submetidos.
Ainda hoje permanece irrespondida a pergunta de como foi possível uma nação culturalmente desenvolvida como a alemã ficar durante tanto tempo como que hipnotizada por um delírio de tamanhas proporções.
Independente, todavia, do mal que fez à humanidade em temos de perdas de vidas e bens materiais, a Segunda Grande Guerra deixou também ensinamentos importantes. A citada matéria da Exame, sob o tílulo “Lições da 2a. Guerra para os Negócios”, aponta cinco categorias nas quais temos a aprender com o conflito: (1) Liderança (Equipes; Riscos; Exemplo; Superação); (2) Treinamento (Flexibilidade; Rapidez; Comunicação Clara; Delegação); (3) Gestão (Informação; Logística; Pessoas; Visão de Mercado); (4) Inovação (Competição; Acaso; Escala; Sintonia); (5) Consumo (Comunicação; Novos Mercados; Escala; Sintonia).
“A guerra é uma fonte inestimável de aprendizado porque testa de forma extrema os limites do homem (…) A guerra como os negócios é cheia de armadilhas. Analisar os erros e os acertos do passado pode ser de grande valia no presente.”
Revista Exame, 11.05.2005
Vale a pena ler a reportagem da Exame e refletir sobre ela, considerando a realidade dos negócios. Afinal, a competição travada no mercado guarda similaridades importantes com o campo de batalha militar (a própria disciplina da estratégia, tão usada nos negócios, teve sua origem na guerra), com uma diferença significativa: ao contrário da disputa bélica, a disputa empresarial visa à superação do concorrente pela conquista do cliente não pela aniquilação do inimigo.
Afora as importantes lições apontadas pela Exame, todavia, a lição essencial que a Segunda Guerra deixa para nós é que sempre diante de um conflito, deve-se fazer a pergunta: apesar das perdas, qual foi a lição que aprendi com o que me aconteceu?