Gestão Hoje nunca compartilhou da opinião, tão antiga quanto disseminada em meio aos formadores de opinião, de que os nossos parlamentares são o que de pior existe na sociedade brasileira.

“Criticar o baixo nível dos parlamentares no Brasil é uma atividade tão antiga quanto a existência entre nós do sistema de três poderes proposto por Montesquieu. Já em 1864, uma das especialidades do escritor Machado de Assis, como colunista político do Diário do Rio de Janeiro, era ironizar os maus modos dos senadores do Império ao lidar com dinheiro público.”

Ronald de Freitas, revista Época, 01.07.06

E nunca compartilhou, por uma razão muito simples: os parlamentares são uma representação da mesma sociedade que formalmente os condena e, como tal, tendem a nem ser melhores nem piores do que ela própria em seu conjunto. Todavia, com o advento do Mensalão e, mais recentemente, com o episódio das “Sanguessugas”, fica difícil não parar para pensar no que disse o deputado Ricardo Izar (PTB/SP), presidente do Conselho de Ética da Câmara do Deputados.

“Esse é o pior Congresso da história do país. Todo dia surgem denúncias novas. Não tenho dúvidas de que estamos passando pela maior crise política, moral e de comportamento.”

Ricardo Izar, 19.06.06

Embora essa afirmação possa e deva ser relativizada pela frustração do deputado em face da absolvição, pelo plenário da Câmara, da maioria dos acusados pelo Conselho de Ética no episódio do Mensalão, a verdade é que nos últimos tempos o Congresso passou a ser usado como local de proteção acobertada pela imunidade parlamentar.

“O mandato parlamentar se transformou em atração para criminosos. Esse tipo de parlamentar tem uma interferência criminosa na votação de emendas para liberação de recursos, usa o poder que lhe é conferido pelo voto para ações criminosas e enriquecerem.”

Cláudio Werner Abramo, http://www.midiaindependente.org

O poder para dar um basta nesse tipo de coisa está nas mãos dos eleitores, seja para colocar pessoas sérias e honestas no parlamento, seja para cobrar-lhes uma reforma política que moralize a questão do financiamento das campanhas. Sem isso, a situação vai piorar e o principal instrumento da democracia representativa que é o parlamento vai terminar se tornando, de fato, num antro de criminosos. Não podemos deixar que isso aconteça e o remédio é votar com responsabilidade.

“A origem de todos esses males que atacam e que pioram a imagem do Congresso está associada à necessidade dos parlamentares de obterem recursos para garantir a renovação de seus mandatos. Então, pra isso, eles desviam do Orçamento, fazem acordo com financiadoras de campanha, depois fazem lobby em favor desses financiadores na formulação de políticas públicas. Enquanto não for resolvido isso de forma definitiva, haverá sempre o risco de escândalos como esses que estão sendo noticiados.”

Antonio Augusto de Queiroz, Diap, Agência Brasil