Crescimento, educação e segurança,as três grandes prioridades dos governos

 
O Gestão Hoje anterior (ver número 616) tratou da necessidade de serem escolhidas poucas prioridades porque quem tem muitas, na prática, não tem prioridade nenhuma.
Esse preceito tanto serve para uso restrito quanto para uso amplo. Tanto como regra mnemônica (para não se esquecer do que deve ser dito ou lembrado) quanto, por exemplo, para balizar o que se deve pretender como referência de desenvolvimento para o país.
Neste particular, a questão do desenvolvimento está na ordem do dia com a proximidade da posse do presidente Lula, inaugurando seu novo mandato.
Nas atuais circunstâncias do país, o desenvolvimento necessário só se pode dar como resultado de uma “equaçãoâ€? que articule as seguintes prioridades:  (1) Crescimento Sustentado; (2) Educação Integral; e (3) Segurança Nacional.
1. Crescimento Sustentado
Do início do Século 20 até a década de 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, com taxas acima de 5% ao ano, passando da 48a. posição em 1964 para a 8a. em 1984 no ranking das economias globais. Todavia, após a crise da dívida externa e do descontrole do processo inflacionário na década de 80, o país passou a crescer a taxas muito baixas (menos de 2,5% em média por ano), muito aquém daquela necessária só para incorporar o contingente da população que chega todo ano para ingressar no mercado de trabalho. Como o crescimento é baixo, uma grande parcela da população passa a engordar as fileiras da informalidade e da marginalidade. Tecnicamente, pode-se dizer que só haverá crescimento sustentado quando o país conseguir crescer acima de 5% ao ano por, pelo menos, 10 anos seguidos.
2. Educação Integral
Escola em tempo integral com ensino de qualidade para todas as crianças e adolescentes em idade escolar deve ser uma prioridade a ser perseguida permanentemente por todos os governos. Sem isso e sem oportunidades de emprego para os pais, a tendência de evasão escolar é enorme, quando não estimulada ou consentida pelos pais como recurso de complementação da renda familiar. E o mais grave: com a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, as armas de fogo transferiram-se das mãos dos adultos para as dos adolescentes, haja vista a grande quantidade de assaltos com morte praticados por menores de idade nos últimos tempos.
3.  Segurança Nacional
Sem oportunidades de emprego e com um grande contingente de crianças e adolescentes fora da escola, o que se vê é o crescimento da informalidade e da insegurança pública diante de um aparato desarticulado e desaparelhado. Só o tratamento nacional da questão com a unificação das polícias e da inteligência, bem como com articulação federal, inclusive, se for o caso, com a criação de um ministério da Segurança Pública, é que se começará a encaminhar adequadamente a questão. Enquanto isso não se faz, vamos continuar assistindo a cotidiana tragédia da insegurança, fazendo o possível (e necessariamente insuficiente) do ponto de vista pessoal para não sermos atingidos por ela.
Essas são as condições básicas, essenciais, para o desenvolvimento elementar do país. Devem ser objeto de cobrança para qualquer governo bem como de sua avaliação. Com elas estabelecidas e funcionando de forma integrada, as outras condições complementares se implantam e se estabelecem. Sem elas, a guerra cotidiana continuará sem tréguas, apesar das políticas compensatórias postas em prática pelo governo como é o caso da Bolsa-Família, uma medida importante e necessária mas nem de longe suficiente.
Fixar essas três prioridades como referência para verificar se o governo (qualquer governo) está indo no caminho certo é essencial para que não nos percamos com todas as iniciativas tomadas, nem sempre no caminho certo.