Crise no mercado imobiliário dos EUAameaça desacelerar crescimento mundial

 
Nas últimas semanas o mercado financeiro tem passado por uma turbulência que se manifesta nas oscilações das bolsas de valores ao redor do mundo. A causa, segundo os especialistas, é a crise do sistema de créditos imobiliários nos EUA. O site www.noticias.uol.com.br/economia traz, em forma de tópicos, uma didática explicação sobre o fenômeno:
1.A venda de casas nos EUA é uma das atividades mais importantes do país.
2.O setor enfrenta crise. Em junho, as vendas de imóveis novos caíram 6,6%, mais que o triplo do previsto.
3.Subiu o número de compradores com prestações em atraso. Hipotecas estão sendo executadas.
4.Com medo, os bancos dificultam novos empréstimos. Isso faz cair o número de compradores, o que agrava mais a crise.
5.Os preços dos imóveis estão caindo por causa disso. Analistas prevêem mais baixas até o fim de 2008 pelo menos.
6.O problema pode afetar o nível de emprego e o consumo, causando recessão geral na economia americana.
7.Como os EUA estão entre os maiores consumidores, todo o mundo é afetado. Países que exportam para lá, como o Brasil, podem vender menos.
8.Além disso, há o efeito financeiro. Ações valorizadas de construtoras americanas foram compradas por fundos de investimento.
9.Se essas construtoras quebram ou suas ações perdem valor, esses fundos perdem dinheiro. Por isso eles vendem os papéis e fazem as Bolsas de Valores caírem.
Ou seja, o problema imobiliário localizado dos EUA pode desencadear uma crise mundial sistêmica do mercado financeiro, com reflexos na economia real e no próprio ritmo de crescimento da economia mundial. A coisa ameaçou ficar tão séria que, nos últimos dias da semana passada, os principais bancos centrais do mundo injetaram uma grande quantidade de recursos no mercado financeiro para aumentar a liquidez do sistema bancário.

“Até a sexta-feira, o socorro totalizava 300 bilhões de dólares — o equivalente a um terço do PIB brasileiro. Isso foi necessário porque, diante da falta de crédito, os bancos encontraram dificuldades para obter empréstimos com outras instituições financeiras — alguns deles precisavam cobrir perdas que tiveram com financiamentos imobiliários nos EUA.”

Giuliano Guandalini, repórter, Veja, 15.08.07

Ainda não está claro até que ponto esta turbulência pode afetar o crescimento da economia mundial (que avança para o seu quinto ano consecutivo de um forte crescimento que já acumula 30% desde 2002). O que parece certo é que a crise imobiliária dos EUA ainda tem peso para provocar estragos em razão dos excessos de concessão de créditos praticados pelos bancos norte-americanos. Pela disposição dos bancos centrais, parece que a coisa não é de pequena monta. Vamos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos para ver no que vai dar.

“De acordo com estimativas do Federal Reserve (o banco central dos EUA), os americanos deixarão de pagar um total de 100 bilhões de dólares em créditos imobiliários que tomaram nos últimos anos. Haverá mortos e feridos pelo caminho, até que os excessos do passado sejam purgados. Faz parte da dinâmica regeneradora do capitalismo.”

Giuliano Guandalini, repórter, Veja, 01.08.07