O valor do controle do estresse para o alcance da longevidade saudável

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No número anterior, foi tratado o tema da longevidade saudável e o mínimo que ela requer: (1) boa alimentação; (2) atividades físicas regulares; e (3) controle do estresse. Tanto a boa alimentação quanto as atividades físicas regulares podem e, até, devem ser apoiadas por especialistas capazes de fornecer receitas adaptadas às nossas necessidades específicas. Já o controle do estresse, não se submete bem a receitas individuais nem, mesmo, a gerais. E, olhe, que se trata de um fenômeno global, como é ilustrado por exemplo, em estatísticas relativas aos EUA.

“Nos Estados Unidos, de 75% a 90% das queixas nos consultórios médicos são por problemas relativos ao estresse. 43% dos adultos americanos sofrem de algum tipo de problema de saúde decorrente do estresse. O estresse custa ao mundo corporativo mais de 300 bilhões de dólares por ano (cerca de 7.500 dólares por funcionário) por causa da falta de assiduidade,da produtividade reduzida e das despesas com benefícios de saúde.”

Barry Lenson, jornalista norte-americano

O tema do controle do estresse, tão necessário nos nossos dias, já foi tratado em dois números anteriores (GH/538 e GH/560) mas, por sua grande importância para a longevidade saudável, merece ser complementado. Embora sem receita geral, algumas atitudes podem facilitar esse controle: (1) dormir bem; (2) não levar as coisas demasiadamente a sério; e (3) cultivar as boas relações afetivas. Para tratar dessas atitudes benéficas, ajuda partir do seguinte conceito sobre estresse: “qualquer situação difícil que você não consiga controlar”.

1.Dormir Bem

Todos os estudos científicos sérios relacionados ao tema reafirmam que dormir bem ajuda muito o bom funcionamento do cérebro, em especial no que diz respeito às funções relacionadas à memória. Ter um sono insuficiente, conturbado ou interrompido contribui bastante para a dificuldade de raciocínio e para o funcionamento deficiente do cérebro. E sem um cérebro com bom funcionamento, fica difícil lidar bem com as situações estressantes, já que elas, como visto no número anterior (GH/697), não podem ser “eliminadas” mas, apenas, controladas. A mente descansada pelo sono adequado é indispensável para o exercício do controle eficaz do estresse.

2.Não Levar as Coisas Demasiadamente a Sério

Embora tudo que deve ser feito, deva ser feito bem e, para isso, é indispensável responsabilidade e seriedade, o que convém ser evitado é o excesso de seriedade, aquela que vai além (e, não raro, muito além) do necessário. Levar as coisas a sério muito além da conta é uma fonte inesgotável de estresse. Joseph Kennedy, pai do ex-presidente norte-americano, e milionário chefe do clã dos Kennedy, adotava uma atitude que considerava infalível para enfrentar possíveis situações de estresse provocadas por pretensas autoridades: “Quando estiver sentado em frente de uma pessoa importante imagine-a de ceroulas. É dessa maneira que eu dirijo os meus negócios“.

3.Cultivar as Boas Relações Afetivas

As relações afetivas (amorosas, familiares, amizades), desde que verdadeiras e não patológicas (que as há também em demasia), constituem importantíssima fonte de energia anti-estressante. Os verdadeiros amigos, por exemplo, aqueles libertos das obrigações sociais, com os quais nos sentimos inteiramente à vontade, são de grande importância para o controle do estresse. Às vezes, além da própria solidariedade natural, são responsáveis, inclusive, por inestimáveis ajudas desinteressadas na resolução de problemas e, por conseguinte, no controle do estresse. Funcionam, as relações afetivas saudáveis, como se fossem uma bateria responsável pelo armazenamento de energia anti-estressante para ser usada na hora que for necessária.