A importância da visão de futuropara a construção de uma boa estratégia

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A observação das articulações do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, para formação de sua equipe, chama a atenção para um aspecto fundamental de qualquer gestão que se pretenda bem sucedida: precisa ter uma visão de futuro bem clara, uma imagem-objetivo bem definida sobre aonde quer chegar, conforme já alertava há muitos séculos Sêneca:

“Não há vento favorável para quem não sabe para onde vai.”

Lucius Annaeus Sêneca, 4 a.C.-65 d.C., filósofo romano

Na própria história norte-americana do século passado, há o exemplo famoso de enunciado de uma visão de futuro para a NASA (agência espacial dos EUA), feita pelo presidente Kennedy em 1962, depois da União Soviética ter-se posto na dianteira da corrida espacial com colocação do astronauta Yuri Gagarin em órbita da Terra.

“Até o final desta década, os Estados Unidos da América colocarão um homem na Lua.”

John F. Kennedy, 1917-1963, presidente dos EUA

Essa poderosa visão estimulou a NASA a montar um programa para que a imagem-objetivo do presidente pudesse ser materializada. E, de fato, conseguiu quando, em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong, a bordo da nave Apolo 11, colocou os pés na superfície lunar. Outro presidente norte-americano dá uma pista sobre o motivo pelo qual uma boa visão como essa do presidente Kennedy é tão mobilizadora.

“Vivemos mais dos sonhos do futuro do que dos planos do passado.”

Thomas Jefferson, 1743-1826, presidente dos EUA

Isto serve para um país, para uma organização pública ou para uma empresa privada ou, ainda, para uma carreira profissional. Do ponto de vista empresarial, inclusive, há quem diga, como o faz o consultor britânico Gary Hamel que escreveu junto com o professor indiano Coimbatore Krishnarao Prahalad, o famoso livro “Competindo Pelo Futuro”, que ter uma visão consistente sobre o futuro é uma grande vantagem competitiva. Com ela, uma empresa, com certeza, já parte na frente dos seus concorrentes.

“A maior vantagem competitiva que uma empresa pode possuir é uma visão de futuro.”

Gary Hamel, estrategista inglês

Uma consistente e mobilizadora visão de futuro é, inclusive, um ponto de partida essencial para a formulação de uma estratégia de qualidade e, de fato, orientadora da atuação empresarial. Do ponto de vista competitivo, uma estratégia consistente é condição de sobrevivência e de atuação autônoma.

“Ou você tem uma estratégia própria, ou então é parte da estratégia de alguém.”

Alvin Toffler, futurista norte-americano

Assim como uma estratégia própria e conseqüente depende de uma visão consistente e mobilizadora, a capacidade de transformar a visão através da estratégia depende da liderança efetiva.

“Liderança é a capacidade de transformar a visão em realidade.”

Warren G. Bennis, consultor norte-americano

Deste modo, é possível dizer que uma ação empresarial competitiva depende do trinômio: (1) visão consistente e mobilizadora; (2) estratégia própria e conseqüente; e (3) liderança efetiva e realizadora. Tudo, começado pela visão de futuro. Depende, mas não se basta com essas três condições, que são necessárias, mas não são suficientes. A liderança precisa mobilizar também a capacidade de tocar simultaneamente o curto e o longo prazos e prover as condições logísticas para a ação. Mas isso já é assunto para um outro Gestão Hoje.