Ouça bastante mas só façamesmo o que achar que deve ser feito

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Uma das qualidades mais importantes de um profissional, em especial se ele exerce responsabilidade gerencial, é saber ouvir. Todavia, prestar atenção no que as pessoas estão dizendo e, até, estimulá-las a manifestarem sua opinião sobre as questões importantes do dia-a-dia, é algo que requer aprendizado.

“Olhemos em silêncio, aprendamos a ouvir, talvez depois finalmente, sejamos capazes de compreender.”

José Saramago, escritor português

Isso é muito importante em qualquer atividade profissional. Mesmo naquelas que têm um claro viés científico como é o caso da medicina. A clássica concepção do médico, que deposita no profissional o monopólio do saber e reserva ao paciente o papel de mero expectador tem sido revisada.

“O médico deve ouvir, ouvir e ouvir. Um bom médico aprende mais falando e escutando do que examinando.”

Vernon Colemam, médico e escritor inglês

Essa orientação serve para médicos e para todo tipo de profissional que tem que atender clientes ou tomar decisões importantes que vão afetar a clientela ou a organização. Washington Olivetto, festejado publicitário brasileiro dá esse conselho mesmo para aqueles publicitários que já são bem sucedidos, em especial aqueles da área de criação.

“Não se pode permitir que o crescimento profissional o distancie da vida real. Mesmo o profissional que ganha bem tem de continuar tomando ônibus de vez em quando para ouvir o que as pessoas estão falando. Se você se distancia da vida real, a tendência de sua criatividade é cair.”

Washington Olivetto, publicitário paulista

E, além de ouvir, é muito importante, também, procurar entender o que não foi dito, o que fica implícito e não é verbalizado, seja porque as pessoas evitam falar, seja porque elas mesmas desconhecem.

“O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito.”

Peter Drucker, 1909-2005, guru da Administração

Ouvir é uma obrigação para os profissionais liberais, para os profissionais organizacionais, para os que têm responsabilidade gerencial e, também, para os políticos que pretendam ser bem sucedidos, sejam vereadores ou presidentes da República.

“Eu diria até que boa parte do trabalho de um líder político é psicanalítico. Tem de ouvir, tem de deixar que a pessoa desabafe.”

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil

Agora, além de ouvir bastante, é indispensável que, na hora de agir, façamos o que achamos que deve ser feito, como destaca de modo irônico o inglês Chesterton.

“Devo o meu sucesso a ouvir respeitosamente os melhores conselhos e depois fazer o contrário.”

Gilbert Keith Chesterton, 1874-1936, ensaísta inglês

Sem ser cabeça dura, o fundamental é que a ação, ainda que embasada em várias opiniões, seja executada com base na nossa convicção. Afinal, mesmo com muitas opiniões, somos nós os responsáveis pelo que fazemos. Essa última instância justifica até os excessos de não ouvir.

“O cara que é visionário, que é empreendedor, muitas vezes não tem que ouvir ninguém, a não ser a si mesmo. Se eu fosse ouvir os outros, não fazia o que faço.”

José Júnior, carioca, coordenar do AfroReggae