A importância do pensamentopositivo para ajudar a sair da crise econômica

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Os sinais negativos sobre a crise continuam sendo emitidos dos EUA onde tudo começou. Começou como modelo econômico “neoliberal” na década de 1970 (ver a propósito o GH/733) e com o estouro da bolha imobiliária em setembro do ano passado. Resultados negativos de bancos e empresas, números recordes de perdas de postos de trabalho,desaquecimento histórico do consumo. Tudo com números de meter medo. Até Luciano Coutinho, respeitado economista e presidente do BNDES, otimista até por dever de ofício, jogou a toalha a semana passada.

“Esta é uma crise gravíssima e que se estenderá por três ou quatro anos. Teremos um longo período de estagnação. Não parece crível que poderemos ter uma recuperação no 2º. semestre. Isso me parece muito irrealista. Como estudioso de História, acredito que essa crise se prolongará com crescimento negativo mundial, principalmente nas economias desenvolvidas em 2009 e 2010. Depois, teremos taxas de crescimento muito baixas. Estamos vendo os primeiros capítulos de uma grande e longa crise.”

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, 04.03.09

Tudo leva a crer que todos devemos nos preparar para um bom período de ambiente econômico, no mínimo, desfavorável. Todavia, a vida continua e isso deve ser motivo de preocupação mas não de abatimento, o que significa que devemos fazer o esforço de trabalhar com o que é positivo e com o que é motivo para otimismo. No que diz respeito ao Brasil, a revista Veja da semana passada fez uma boa síntese das razões para otimismo.

“(1) Reservas de 200 bilhões de dólares intocadas depois de seis meses de crise; (2) Bancos competentes, regulados, com baixa exposição a riscos e provisionados contra calotes; (3) Ausência de bolhas de crédito e imobiliária, com potencial de crescimento real dos setores; (4) mercado interno forte, crescendo em poder de compra e em proporção da população; (5) Matriz energética mais ‘verde’ do mundo, com independência de petróleo importado; (6) Estabilidade política, em que a democracia foi entronizada como patrimônio nacional; (7) Estabilidade econômica e arcabouço regulatório imperfeito mas previsível; (8) Maior exportador de alimentos do mundo, o que garante vendas externas volumosas em qualquer cenário; (9) Mercado externo diversificado, com compradores em todo o mundo e mercadorias de crescente valor agregado; (10) As mesmas projeções que apontam estagnação no mundo estimam crescimento do PIB no Brasil em 2009.”

Matéria de Capa, revista Veja, 04.03.09

No que diz respeito às empresas, deve ser feito um exercício semelhante. Quais são os aspectos positivos, tanto externos quanto internos (o que em planejamento estratégico chama-se, respectivamente, de Oportunidades e Forças)? Esse esforço deve ser feito, inclusive, quando do início das avaliações estratégicas, porque, caso contrário, não aparecem espontaneamente. Por uma razão mental e cultural, ainda não suficientemente pesquisada, as pessoas, perguntadas sobre uma situação qualquer, tendem, normalmente, a começar pelas dificuldades. Daí, a importância de induzir o começo dessas avaliações pelos aspectos positivos. Sem pensar, também, positivamente, com certeza, não se sai de crise nenhuma.