A morte de Prahalad vai trazer dificuldade ao pensamento criativo na gestão

C. K. Prahalad foi um pensador bastante original para a moderna gestão empresarial tendo, inclusive, avançado no raciocínio sobre a emergência da “base da pirâmide” social
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Com a notícia da morte este mês, aos 69 anos, de Coimbatore Krishnarao Prahalad, conhecido como C. K. Prahalad, consultor e escritor indiano, autor e co-autor de três clássicos da moderna literatura empresarial (“Competindo pelo Futuro”, com Gary Hamel; “A Nova Era da Inovação”, com M. S. Crishnan; e “A Riqueza na Base da Pirâmide”), o mundo da gestão empresarial ficou mais pobre. Prahalad foi um pensador original, autor de vários conceitos importantes.

“Prahalad desenvolveu vários dos conceitos mais fundamentais da gestão de empresas contemporânea, como as competências essenciais, a co-criação, a globalização distribuída (com as multinacionais optando por ter várias sedes), o foco nas próximas práticas (em vez de nas melhores práticas, trocando o passado pelo futuro) e a inovação inspirada pela demanda da base da pirâmide socioeconômica (para inclusão social pelo consumo e criação de novos mercados), entre outros.”

Adriana Salles Gomes, HSM Inspiring Ideas
Era fixado na ideia de competitividade e no futuro. Tinha, inclusive, algumas hipóteses que iam de encontro a alguns dos conceitos que viraram lugares comuns na gestão contemporânea como, por exemplo, a de que as organizações competitivas são aquelas que aprendem com as experiências do passado. Defendeu a idéia de que tão importante quanto “aprender” é, também, “esquecer” o que deu certo no passado porque se isso em parte não for feito, fica comprometida a capacidade de criação.

“Os executivos de sucesso da nova era serão os que souberem esquecer o passado, gerenciar o presente e criar o futuro.”

C. K. Prahalad
Procurou também dar ênfase à distinção entre a capacidade de pensar e a competência de fazer as coisas acontecerem, uma das grandes dicotomias da gestão de todos os tempos, em especial a partir do momento em que o planejamento ganhou autonomia como disciplina autônoma.

“Planejadores pensam no que vai acontecer de diferente, triunfadores determinam o que vão fazer de diferente.”

C. K. Prahalad
Todavia, apesar da importância das contribuições registradas nos livros anteriores, o grande aporte de Prahalad para o pensamento e o debate econômico e social contemporâneo, sintonizado com o fenômeno da emergência econômica e de consumo das massas, foi o livro “A Riqueza na Base da Pirâmide” no qual defende um olhar cuidadoso e economicamente sintonizado para a base da pirâmide social.

“Se pararmos de pensar nos pobres como vítimas ou como um fardo e começarmos a reconhecê-los como empreendedores incansáveis e criativos e consumidores conscientes de valor, um mundo totalmente novo de oportunidades se abrirá.”

C. K. Prahalad
Como indiano, Prahalad conhecia bem o potencial e o poder econômico das massas (a Índia tem quase 1 bilhão de pessoas na “base da pirâmide”) e conseguiu, de forma bastante criativa e instigante, enquadrar o problema como também uma solução para tratá-lo. Nesta abordagem, que terminou por ser a sua última de grande porte, exercitou na plenitude uma característica que certamente fará muita falta nesse nosso mundo repleto de “sacadas” mas muito carente de abordagens consistentes que permitam o pensamento criativo e, de fato, diferente.

“Prahalad fará falta. Ele trazia novas ideias às mesas dos executivos, provocava, fazia com que pensassem diferente.”

Adriana Salles Gomes, HSM Inspiring Ideas