A internet e seu potencial de disseminação rápida de informações, inclusive boatos, é uma realidade para a qual candidatos e empresas precisam estar vigilantes e prontos para reagir
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Há um fator determinante do segundo turno da eleição presidencial no Brasil que ainda não foi analisado o suficiente pelas críticas feitas até agora: o “fator boato” divulgado e circulado pela internet. Ele é reconhecido até pela cúpula da candidata do PT.

“A análise da cúpula da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República é de que a disputa foi para segundo turno em função dos boatos relacionados a questões religiosas e a respeito do aborto. Diante disso, a área que monitora discussões em blogues e redes sociais recebeu reforços e mais trabalho para a reta final. O diagnóstico da equipe apontava, nas semanas que antecederam o pleito, que uma campanha de baixo nível ocorria, mas não houve reação rápida o bastante.”

www.redebrasilatual.com.br
A acomodação provocada por uma espécie de “já ganhou” no primeiro turno por certo impediu que quem comandava a área digital da campanha visse que um fato novo se avolumava como uma onda e que requeria uma pronta contra-reação. Dizem os partidários da candidatura do PT que esse fato novo foi resultado de uma estratégia comandada por um “guru” contratado pelo PSDB.

“A montagem desta rede de boatos foi a função a que se dedicou o norte-americano de origem indiana Ravi Singh, sócio da transnacional de marketing político ElectionMall (…) Sempre tendente à mistificação e ao provincianismo, a velha mídia tratou Singh como um ‘guru’. Certamente, impressionou-se por sua origem indiana, ou pelo fato de usar o turbante típico da etnia sikh.”

Antonio Martins, vinainternet.blog.terra.com.br
É verdade que boatos não se constituem, de forma alguma, novidade, muito menos em se tratando de campanhas eleitorais. Exemplos recentes são, por parte dos simpatizantes do governo Lula, os boatos recorrentemente espalhados de que os oponentes acabariam com o Bolsa Família ou privatizariam a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A diferença, agora, é a força que ganharam com a ajuda da internet. Fora das campanhas políticas, inclusive, esse fenômeno de disseminação de conteúdos pela internet, de um modo geral, e pelas redes sociais, em especial, é chamado de “marketing viral”. A literatura sobre o assunto está repleta de exemplos (aos interessados, basta digitar a expressão no Google e aparecerá uma extensa relação de cases, inclusive para consulta no YouTube).

“Técnicas de marketing que tentam explorar redes sociais pré-existentes para produzir aumentos exponenciais em conhecimento de marca, com processos similares à extensão de uma epidemia.”

Wikipédia.org
A campanha do PT cometeu um erro que já lhe custou caro. Ao subestimar o poder da internet, expôs fragilidades que o marketing político vinha conseguido ocultar durante o favoritismo do primeiro turno. Agora, tem que correr atrás da vantagem perdida. A grande expectativa é saber se conseguirá mantê-la a tempo.

“Quando quiser reagir pode ser tarde demais: tal qual aquele time que, acomodado com a vantagem do empate,  toma um gol nos minutos finais e parte como louco para reverter o resultado, sem tática nem estratégia, se expondo ao contra-ataque.”

www.advivo.com.br/blog/luisnassif
Sem entrar no mérito, o ocorrido deve ser observado como um caso que serve tanto para a política quanto para a gestão empresarial: (1) não se deve acomodar com a vitória antes dela de fato acontecer; e (2) o marketing viral é uma realidade que veio para ficar e para o qual se deve ter um permanente esquema de monitoramento montado e atuante.