Agenda TGI 2014: O Que Esperar do Brasil, de Pernambuco e do Recife em 2014

 

Após três anos crescendo cerca de dois pontos percentuais acima do País, resultado das obras de implantação dos grandes investimentos estruturadores que aportaram no Estado, Pernambuco deve desacelerar o ritmo nos próximos meses, voltando a se aproximar da curva de crescimento do Brasil. O grande desafio, a partir de agora, é garantir a operação plena desses empreendimentos — como a Refinaria e o Estaleiro — para que haja a retomada do crescimento do PIB acima da média brasileira, como efeito do aumento da renda dos pernambucanos.
A avaliação foi feita pelo consultor Francisco Cunha, diretor da TGI Consultoria em Gestão, durante o lançamento da Agenda TGI 2014, realizado no Armazém Blu’nelle. Durante o evento, ele falou para cerca de 500 empresários, executivos e profissionais convidados sobre o tema “O Que Esperar do Brasil, de Pernambuco e do Recife em 2014?”, fazendo um balanço do ano e apresentando os cenários mais prováveis para 2014 no mundo, no Brasil e em Pernambuco.
Mundo
A crise econômica que afeta a Zona do Euro desde 2008 continua tendo desdobramentos na economia. Os Estados Unidos caminham para superar a crise, porém em ritmo bem mais lento do que verificado nas recessões anteriores. A China também aponta para uma desaceleração do seu crescimento, diminuindo o patamar histórico de 10% ao ano, desde o início da década de 90, para uma média de 7,5%, projetada até 2025. Entre as principais tendências para os próximos anos estão a baixa demanda por commodities e a fuga de capitais para os EUA, o que pode impactar a economia dos países emergentes.
Brasil
A baixa capacidade de investimento do Brasil (média de apenas 18% do PIB), é o principal entrave para o crescimento. Com os gastos públicos superiores à arrecadação e a falta de investimento em infraestrutura, o País se vê diante de um gigantesco desafio. “Para se igualar à média mundial, o país precisaria mais do que dobrar os investimentos em infraestrutura até 2033”, assinalou Francisco.  Embora a desigualdade social venha diminuindo de forma consistente nos últimos anos, com a tendência de eliminação da pobreza extrema, a baixa qualidade da educação ainda é o maior gargalo para que o País possa promover uma efetiva inclusão social.
Na economia, o aumento da inflação, do dólar, dos déficits público e externo são os sinais de alerta . “O Brasil deve ficar atento também aos impactos do agravamento da crise européia, à desaceleração da China e ao esgotamento do modelo de incentivo ao consumo”. Para Francisco, os protestos nas ruas, grande fenômeno de 2013, não devem desaparecer. “O povo nas ruas é um novo ator que deve continuar presente nesse cenário ao longo de 2014”.
Nordeste
Investimentos significativos estão mudando o perfil da Região Nordeste. Serão R$ 50 bilhões, investidos até 2015, nos principais pólos econômicos – Pecém/CE (US$ 7 bilhões), Fábrica da Fiat – Goiana/PE (US$ 7 bilhões), Suape/PE (US$ 26,1 bilhões) e Camaçari/BA (US$ 15 bilhões). Alguns indicadores vêm apresentando melhoria importante, como o número de carteiras assinadas, que passou de 4,3 milhões, no ano 2000, para 13,3 milhões, em 2011.  Mas embora a participação do PIB do Nordeste em relação ao Brasil venha crescendo, a região ainda é pobre. “O Nordeste responde por 13,5% do PIB brasileiro, mas representa 27,8% da população do País.”, comparou Francisco.
Pernambuco
O efeito da chegada dos investimentos estruturadores, que levou Pernambuco a crescer mais do que o Brasil, já aconteceu — foram mais de R$ 100 bilhões, anunciados entre 2007 e 2016, sendo 67,3% no segmento industrial. “O momento agora é de garantir a operação plena desses grandes investimentos, para que o efeito renda se perceba sobre o PIB”, disse o consultor. Esse bloco de investimentos produtivos sinaliza para um novo ciclo econômico, puxado pela Indústria, com mudanças relevantes na estrutura produtiva estadual. “Há o surgimento de novas atividades, a redefinição de segmentos tradicionais, a expansão de serviços de apoio à produção, e a expansão do comércio e de serviços pessoais”, destacou. “O grande desafio é garantir a articulação entre a nova base econômica e a já existente, para potencializar o impacto do ciclo atual, sem esquecer que desenvolvimento econômico e social devem andar juntos”.
Recife
Pequena, adensada e hipermotorizada, o Recife sente, como todas as metrópoles, os efeitos danosos dos ciclos de crescimento econômico. A mobilidade urbana se tornou um grave problema, que compromete a qualidade de vida de todos os moradores. Para Francisco Cunha, a cidade tem no Rio Capibaribe a última grande chance de encontrar uma solução viável para esse desafio. Durante a apresentação ele mostrou o projeto do Parque Capibaribe, que integra os três últimos três grandes bolsões verdes da cidade — o Parque Apipucos/Dois Irmãos, o Parque Brennand e o Parque dos Manguezais — revitalizando as margens e criando vias contínuas para ciclistas e pedestres. Tocado pela UFPE, em parceria com a Prefeitura do Recife, o projeto reintegra o Rio à cidade. “O Rio Capibaribe é nossa última oportunidade de revolucionar a mobilidade no Recife e ‘recosturar’ o fragmentado tecido urbano da cidade”.