Foi o trânsito outra vez?

“O viaduto é a menor distância entre dois engarrafamentos”.

Jaime Lerner, urbanista curitibano

O trânsito nas grandes cidades já não é mais desculpa, e sim uma realidade. O travamento da mobilidade urbana está deixando de ser tratado apenas como contratempo pontual para as empresas e virou um fator de risco para a produtividade, trazendo até sérias perdas econômicas. Independente do meio de transporte, os profissionais de todos os segmentos, funções e níveis de hierarquia têm gasto cada dia mais tempo para chegar ao trabalho. E por isso, perderam sentido as justificativas nos atrasos. A orientação é conviver com a situação tentando se programar melhor com os horários.

Para mapear este cenário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou um estudo nas maiores metrópoles brasileiras, inclusive na cidade do Recife, que aponta um aumento de 20% no tempo médio gasto nos deslocamentos dos funcionários no trajeto casa-trabalho entre os anos de 2003 e 2010. A pesquisa identificou ainda que uma pessoa leva, em média, uma hora e quatro minutos para completar este percurso. Nas cidades médias, que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes, o tempo gasto para locomoção cai pela metade, chegando aos 31 minutos.
O ir e vir está tão comprometido que todos, sem distinção de classes, estão ficando parados no trânsito. Segundo a CNI, nas capitais, um quilômetro de distância está sendo percorrido de ônibus em 2,93 minutos, a uma velocidade de 20,4 km/h. De carro, a mesma distância é feita em 2,67 minutos, a uma velocidade de 22,4 quilômetros. São apenas 26 segundos de vantagem do veículo individual sobre o coletivo. Mas, esses dados não são novidades para quem precisa encarar o caos nas ruas. Por isso, o trânsito já não é desculpa para atrasos e o tempo gasto nele deve ser levado em consideração na marcação de qualquer compromisso. Embora haja a possibilidade de imprevistos, como protestos e obras nas vias, a orientação é sair mais cedo de casa, escolher caminhos alternativos e, em tempos modernos, utilizar de recursos como o Waze, aplicativo que orienta o motorista – no caso de quem se desloca de carro ou moto – sobre qual é o melhor percurso.
Enfim, seja qual for o motivo do engarrafamento, o profissional precisa ter maturidade para lidar com o cumprimento de suas obrigações, e chegar no horário é uma delas. O ideal seria contar com transportes públicos eficientes ou poder trabalhar e resolver os compromissos do dia a dia no raio próximo de casa. Mas, nem tudo é o ideal. Então, não temos alternativa a não ser conviver com os imprevistos e as intempéries que se interpõem nos nossos percursos diários procurando nos antecipar a eles.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br.