Na semana passada foram divulgados dois estudos com resultados preocupantes para o país. O primeiro, do Banco Mundial, aponta o Brasil como o lugar em que há maior desigualdade social e de renda do mundo. O segundo, da Fundação Getúlio Vargas, conclui que as taxas de juros reais vigentes no país são as maiores do planeta.
Segundo o BIRD, 10% da população detém 51,2% da renda do país, enquanto os 20% mais pobres ficam com 2,1%. Esta é a pior situação entre os 71 países pesquisados.
Já, de acordo com a FGV, o piso de captação do dinheiro pelo sistema financeiro, considerando a média dos cinco primeiros meses de 1995, descontada a inflação, foi de 28% ao ano, contra 12,95% na Argentina, segundo colocado, 12% no México, 2,84% nos EUA, 2,4% na Grã-Betanha e 1,11% na Alemanha.
Esta situação configura uma mistura explosiva e um desafio tremendo para as empresas, para a sociedade e para o governo. Para as empresas, significa asfixia financeira no menor mercado relativo do mundo.Para a sociedade, impõe lidar com o ônus de um enorme exército de excluídos do mercado, com todas as conseqüências desastrosas daí decorrentes. Para o Governo, representa a exigência de consolidar a estabilidade da economia para permitir o desenvolvimento sustentado, sem quebrar a corda no curto prazo.
Baixar os juros para as atividades produtivas e ampliar o mercado interno, com a incorporação do grande contingente de consumidores, hoje excluído, são grandes desafios de curto e médio prazos para todos.