Considerações sobre o erro e suasrepercussões sobre a nossa vida cotidiana

 

No título do Gestão Hoje que circulou via e-mail na semana passada, por um lapso de revisão, saiu estampado no título um “mais” (advérbio) no lugar de um “mas” (conjunção). O correto seria: “O Brasil avançou bastante nos últimos 40 anos mas ainda perde para a concorrência”. Além da correção e das desculpas aos leitores, o ocorrido enseja, também, a oportunidade de tratar sobre o erro, a começar pela milenar sabedoria chinesa.

“Um homem que comete um erro e não corrige está cometendo outro erro.”

Confúcio, 551 a.C .- 479 a.C., pensador chinês

O tema é tão antigo quanto a natureza humana e tão freqüente quanto nossa atividade cotidiana. Já se disse até que só existem três coisas certas na vida: a morte, os impostos e o erro. Vittorio Gassman, o grande intérprete italiano, chegou a atribuí-lo, usando a metáfora de sua profissão, um tanto hereticamente, ao criador por não nos ter possibilitado uma outra chance para não cometer tantos erros.

“O único erro de Deus foi não ter dado duas vidas ao ser humano: uma para ensaios outra para atuar.”

Vittorio Gassman, 1922-2000, ator italiano

Juscelino Kubitschek de Oliveira, político de uma estatura que faz tanta falta ao país, tinha uma frase que define bem qual deve ser a atitude correta diante do erro, considerando a sua indesejada freqüência.

“Volto atrás, sim, com o erro não há compromisso.”

Juscelino Kubitschek, 1902-1976, presidente do Brasil

Não voltar atrás ou, antes, não reconhecer, por mero orgulho, o erro cometido pode colocar qualquer um, em especial quem está numa situação de poder que potencializa as conseqüências das falhas, em uma contramão perigosa.

“Quantos crimes foram cometidos meramente porque seus autores não conseguiam suportar o fato de estarem errados!”

Albert Camus, 1913-1960, escritor argelino-francês

Por certo em razão de sua freqüência na vida e na atividade humana, o erro é objeto de farta referência literária e praticamente todos os principais pensadores e escritores, direta ou indiretamente, já se referiram a ele. Alguns de forma irônica ou cômica como é o caso do reconhecido escritor norte-americano Samuel Langhorne Clemens que usava o pseudônimo de Mark Twain, segundo as más línguas da época pelo fato de gostar de pedir dois drinks de cada vez e mandar o garçom marcar duplo (mark twain) na sua conta.

“Tenha cuidado ao ler livros sobre saúde. Você pode morrer devido a um erro de impressão.”

Mark Twain, 1835-1910, escritor norte-americano

Não só na literatura como em todos os campos do conhecimento ou do fazer humanos, o erro é citado. Seja na economia, seja nos negócios, seja na política como destaca, também de forma bem humorada, o político norte-americano Hubert Humphrey que chegou a ser vice-presidente dos EUA.

“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política.”

Hubert H. Humphrey, 1911-1978, político dos EUA

E para terminar essas breves considerações sobre o erro, uma frase do grande jornalista, humorista e escritor brasileiro Millôr Fernandes sobre o erro dos outros e a grande falha da natureza em não fazê-los sentir por isso.

“Grande erro da natureza é a incompetência não doer.”

Millôr Fernandes, humorista brasileiro