Há um mito infelizmente bastante disseminado, tanto na realidade empresarial quanto na vida pública, de que é fundamental perseguir o consenso.
Quer dizer, cada um deve ser convencido, aceitar e concordar com a decisão para que ela tenha “legitimidade.”
Acontece que o consenso, na nossa realidade cultural, é impossível. Portanto, procurá-lo é perda de tempo e encontrá-lo é, quando muito, uma ilusão apenas passageira.
A busca do consenso na realidade empresarial pretende esquecer o conflito ao mesmo tempo em que superestima a cooperação.
É importante considerar que as empresas são um espaço privilegiado de exercício do jogo da cooperação e do conflito.
Cooperação para somar competências complementares (de pessoas, grupos, unidades administrativas, níveis hierárquicos) e viabilizar os objetivos empresariais.
Conflito decorrente das diferenças (de interesses, valores, estilos de gestão, percepções, maneiras de fazer e de pensar), existentes entre pessoas, grupos, unidades administrativas, níveis hierárquicos…
O conflito é condição inerente da vida humana e é inevitável de acontecer sempre que duas ou mais partes interagem.
Já que não pode ser evitado, o conflito e sua resolução podem e devem ser colocados a serviço do aperfeiçoamento empresarial.
Das várias abordagens para enfrentamento de conflitos, aquela que considera a negociação e o estabelecimento de acordos é a mais produtiva.
Através dela, as partes envolvidas potencializam sua energia e criatividade, focam sua atenção na análise do problema, explicitam suas diferenças e semelhanças, desenham alternativas de solução e, finalmente, estabelecem acordos que vão significar compromissos consistentes e duradouros.
Na busca do acordo, trabalha-se com o que é possível. Na perseguição do consenso busca-se o ideal, o sonho de harmonia que nada tem a ver com a realidade, sobretudo a realidade empresarial.
Superar a ilusão de soluções de consenso e, no outro extremo, a tentação de práticas autoritárias ou de evitação de conflitos é uma exigência da competitividade.
Entre demorar, em excesso, procurando o consenso impossível e ser rápido demais em decisões autoritárias que não se efetivarão, há o espaço possível da construção de acordos que permitam avançar.