O economista Rudiger Dornbusch causou celeuma no mercado financeiro internacional (com direito a queda da cotação do dólar em Nova York, dos títulos da dívida externa brasileira e das Bolsas de Valores no Brasil) ao declarar, na 42ª Conferência Monetária Internacional, segunda-feira, 02.06.96, em Sidney, Autrália, que um colapso financeiro no Brasil é questão de tempo porque o real está supervalorizado (30% a 40% em relação ao dólar) e o déficit público está fora de controle. Ou seja, o Brasil de amanhã é o México de ontem.
Rudiger Dornbusch é um economista alemão, doutor pela universidade de Chicago (o templo mundial do monetarismo) e professor do legendário MIT (Massachusetts Institute of Tecnology, em Boston). Foi também, professor visitante da PUC-RIO e, na época, casou-se com uma brasileira. A importância dada à sua declaração deve-se ao fato de ser atribuída a ele, quando era consultor do Presidente Bill Clinton, a previsão sobre a quebra do México, ocorrida em dezembro de 1994.
Em março, Dornbusch já havia causado polêmica quando declarou, aqui no Brasil: “qualquer política incompatível com um crescimento de 7%, em média, é errada. Um país que diz que não pode crescer mais do que 3% está sendo mal administrado (…) quem quer que diga que é porque ‘estamos lutando contra a inflação’, deve ser mandado para o zoológico” (Folha de São Paulo, 31.03.96).
As reações às declarações de colapso cambial foram inúmeras, a começar pelo Ministro Malan que disse: “as declarações de Rudiger que são corretas (ancorar a estabilidade em juros altos e câmbio defasado, sem ajuste fiscal adequado, é suicídio) não são novas; e as que são novas (defasagem cambial do dólar frente ao real de 40%) não são corretas”.
A conclusão do episódio não é nova: continuamos estacionados no mesmo patamar. O tempo para ajuste fiscal definitivo, único lastro firme da estabilização, está passando sem que os avanços sejam significativos. Mas ainda dá prá fazer.