Para além da fiscalização

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Imagem 113-1.JPG    Embora em determinados tipos de atividade empresarial a fiscalização seja um mecanismo importante de controle gerencial, usá-la como instrumento estabilizador da gestão é não só insuficiente como, em muitos casos, francamente contraproducente.
    É muito mais freqüente do que se supõe fiscalização rimar com boicote, transgressão, erros sucessivos, prejuízo. Ou seja, o inverso do que pretende.
    A fiscalização pura e simples (na forma de “vigiar e punir” de que nos fala o pensador francês Michael Foulcault) desencadeia um modo de relação bastante primitivo, instintivo mesmo, do tipo caçador-caça que, paradoxalmente, quando mais severo e “eficiente” é, mais estimula a transgressão. Incentiva uma espécie de jogo onde o fiscalizado sente-se “estimulado” a ludibriar o fiscal, ainda que, nem sempre, de maneira premeditada ou, mesmo, consciente.
    Mais do que apenas fiscalizar, (ainda que existam situações onde isto seja imprescindível), é de fundamental importância que sejam, também, estimulados mecanismos de desenvolvimento da autonomia, e da corresponsabilidade, âncoras mais sólidas e duradouras de uma gestão estável e auto sustentada.
    Estabelecer e continuamente desenvolver formas de fazer com que cada um seja regulado por seu próprio compromisso com a qualidade é, hoje em dia, um imperativo não apenas da redução de custos como de aumento das receitas. Pelo lado dos custos, porque a rotatividade dos fiscalizadores tende a ser grande para que não seja preciso colocar um fiscal para cada fiscal. Pelo lado da receita, pela necessidade de estimular a ampliação da responsabilidade por seu aumento contínuo.
    Sistemas de produtividade ou participação nos resultados, por exemplo, quando bem implantados e acompanhados, funcionam como bons indutores de autonomia e corresponsabilidade.
    Substituir a fiscalização como instrumento principal de controle da gestão por mecanismos que estimulem o comprometimento (em fazer o que é nessessário no lugar de não fazer o que é proibido) passa a ser, cada vez mais, portanto, um fator de diferenciação competitiva na corrida pela sobrevivência e pelo desenvolvimento sustentado das empresas e organizações de um modo geral.
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