Ninguém aceita mais pagar por algo que não tenha qualidade. Portanto, qualidade passou a fazer parte integrante do produto ou serviço que se vende e, com isso, perde progressivamente importância na diferenciação para os do concorrente. Neste sentido, pode-se dizer, ampliando um pouco o conceito, que a qualidade virou um commodity da gestão.
Commodity s. mercadoria, artigo; utilidade.
Dicionário Webster’s
Produto que não apresenta diferenciação, como: chapas de aço, produtos químicos, papel, milho, feijão, entre outros.
Dicionário de Termos de Marketing, Editora Atlas
Dizer ou anunciar que um produto ou um serviço qualquer é “de qualidade” ou é um “padrão em qualidade” já quase não quer dizer mais nada de relevante, na medida em que, hoje em dia, oferecer um produto sem qualidade é inconcebível. Guardadas as devidas proporções, dizer que um produto “tem qualidade” é como dizer, por exemplo, que o consumidor está comprando “um carro novo que não quebra” ou “uma pizza que não é crua“. Já quase não passa mais pela cabeça das pessoas que possa existir um carro novo que quebre ou uma pizza que venha para a mesa ou para sua casa sem estar adequadamente assada. Quem oferece produtos defeituosos, em desarmonia com a qualidade deles requeridas por quem os compra, desaparece rapidinho do mercado. Anunciar qualidade já não agrega, portanto, valor à comunicação de um produto.
Esse patamar de exigência do consumidor é uma conquista da preocupação com a qualidade dos produtos e serviços que tomou conta da economia japonesa nos anos 70, atingiu os EUA na década de 80 e espalhou-se pelo Brasil no início dos anos 90, na esteira do processo de abertura da economia. Hoje, a expectativa nacional em relação à qualidade dos produtos está equiparando-se rapidamente à expectativa mundial. Por isso, todas as empresas terão que garantir um padrão superior de qualidade dos seus produtos para poderem continuar competindo.
As padronizações e as certificações continuarão sendo importantes, até imprescindíveis, mas como requisitos genéricos, sem mais o poder de distinção que tiveram quando eram novidade. Com o ganho inicial de terreno no campo da melhoria dos processos, os avanços significativos na competitividade dos produtos, na próxima década, serão no campo do posicionamento e da capacidade de adequar-se aos novos parâmetros da economia digital.
A esse respeito, vale a pena dar uma olhada no livro “O Futuro da Internet” (Como se Posicionar Estrategicamente para a Conquista de Mercados e Clientes em um Novo Mundo Interligado pela Internet), de Chuck Martin, ex-vice-presidente da IBM e presidente da Net Future Institut (Mackron Books, São Paulo). As questões-chave em relação ao futuro dos negócios, sob o impacto da Internet, estão lá.