De modo semelhante à qualidade (total) que, anos atrás quando apareceu, foi como uma febre contaminando tudo, a Internet veio para incorporar-se à vida empresarial de forma irremediável. Hoje, a qualidade passou a fazer parte do produto ou serviço e virou uma espécie de commodity da gestão, deixando de ser o fator diferenciador que era no início (ver C&T 259 sobre o tema). Nem mesmo os certificados ISO fazem mais a diferença que faziam. Hoje em dia, é quase uma obrigação. Guardadas as devidas proporções, o mesmo deve acontecer com a Internet. Ela vai virar também uma commodity da gestão e não se poderá falar em empresa separada da Internet (de um modo geral, todas as empresas serão, de uma forma ou de outra, e-business).
“Em 2010, 3 bilhões de pessoas ainda estarão fora da Internet. Mas não sobreviverá empresa alguma fora dos mercados em rede.”
Stan Davis, consultor norte-americano, coluna Joelmir Beting, 06.04.2000
“Em 5 anos, as empresas tornar-se-ão empresas de e-business, ou então não serão empresas de nenhum tipo.”
Andrew Grove, da Intel, segundo Peppers and Rogers Group / Marketing 1to1
Claro que não vai diminuir essa histeria que se vê por aí (quem se lembra da histeria pela qualidade total?). Toda essa espuma de empresas virtuais vai baixar e só vão sobreviver aquelas que, de fato, tenham consistência competitiva. Mesmo porque exclusivamente virtuais existem pouquíssimas empresas. Além do mais, essa separação entre virtual/digital e analógico, tenderá a desaparecer.
“Vivemos na fronteira de dois mundos. Vamos ter de aprender a transitar entre ambos, porque, lá na frente, acreditamos que eles se transformarão em apenas um.”
Pedro Luiz Passos, um dos sócios controladores e presidente de operações da Natura, Exame, 19.04.2000
A questão essencial, à qual todas as empresas que pretenderem chegar no futuro devem procurar responder é “em que e como serei impactada pela Internet?“. É uma pergunta ainda difícil porque requer um exercício mental complexo, envolvendo novas referências e, por isso, deve ser trabalhada com insistência. Em muitas situações, a resposta demandará mudanças muito importantes que irão além de ajustes no website.
“Não refaça o projeto do seu website. Refaça a sua empresa.”
David Siegel, consultor norte-americano especializado em estratégia empresarial e Internet, Exame Digital, 03.05.2000
A atitude adequada para lidar com uma questão tão séria com a Internet é, de um lado, cabeça fria para não cair no “oba-oba” digital que não leva a lugar nenhum a nâo ser perda de dinheiro e, de outro, paciência e determinação para encontrar o caminho que a empresa deve seguir na rede, sem esquecer que a Internet é o padrão que vigorará no futuro. Não é, nem uma moda passageira, nem o apocalipse digital e, dentro em breve, estará definitivamente incorporada à vida empresarial, como a qualidade incorporou-se ao produto.