A vez da mulherno mercado brasileiro

 

“Pouco antes da virada para o século XXI, as mulheres já representam mais de 40% da mão-de-obra total brasileira, enquanto meio século antes eram apenas 14,6%. Ao longo dessas cinco décadas, a população feminina economicamente ativa aumentou em 1.000%, e atualmente quase metade das mulheres trabalha.”

Raimar Richers, professor da FGV, São Paulo

Em seu mais recente livro (“Marketing Uma Visão Brasileira”, Negócio Editora, São Paulo, 2000), Raimar Richers, suíço naturalizado brasileiro e um dos pioneiros do estudo do Marketing no país, traça um interessante perfil do mercado no Brasil e destaca a importância crescente da mulher como formadora de opinião e consumidora de peso. Como bem aponta, é uma realidade relativamente nova que suscita uma série de reflexões e desdobramentos, tanto para o mercado de bens de consumo quanto para o mercado de trabalho.
No que diz respeito às compras e ao consumo, destaca Raimar que “a dona de casa típica tradicional desaparece cada vez mais e o seu lugar é preenchido pela controladora do orçamento doméstico, a mulher que não só supervisiona todas as despesas, mas é responsável também pela grande maioria das compras (alimentos, produtos de limpeza, meias e roupas para os filhos e o marido, até uma boa parte dos telefones celulares)“.
Esse fenômeno requer toda a atenção das empresas na adequação dos seus produtos e de suas mensagens publicitárias às demandas de um consumidor sensível.
No que diz respeito ao mercado de trabalho, esse fenômeno também expõe seus desdobramentos. Como destaca a Folha de S. Paulo (07.03.2001), “com mais instrução e menos filhos, a mulher brasileira está mais competitiva para alcançar postos de serviço“.
De acordo com dados do IBGE, 28% da mulheres têm mais de 11 anos de escolaridade, contra apenas 19% dos homens e, da população ocupada, 30,4% da mulheres têm, pelo menos, o segundo grau completo, contra 21,2% dos homens. Mesmo na Internet, considerada o mais novo meio de difusão de conhecimento, que começou como um reduto quase que exclusivamente masculino, hoje em dia as mulheres já formam 51% do total de usuários com mais de 18 anos de idade.
No quesito empreendedorismo, a revista Exame (21.02.2001) expõe uma informação inusitada. O Brasil tem, segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor, a melhor taxa de participação feminina em novos negócios no mundo. Há duas mulheres para cada três homens envolvidos com novos negócios no país.
Todavia, todos esses fatos não se têm traduzido em igualdade de oportunidades com os homens, nem em termos de remuneração nem, muito menos, em termos de ocupação de postos de comando nas empresas. As mulheres compõem 40% da força de trabalho mas, apenas, 24% do universo dos gerentes. Apenas uma dado ilustrativo: entre as 500 maiores empresas atuantes no Brasil, apenas duas têm uma mulher na presidência.
Porque isso acontece e que implicações tem para a vida organizacional o fenômeno da emergência da mulher no mercado brasileiro, é o que tentaremos ver no próximo Gestão Hoje, também em homenagem à passagem do Dia Internacional da Mulher.
 
Erramos
No número 316 publicamos equivocadamente que Benjamin Franklin foi presidente dos EUA. Ele foi filósofo, escritor, inventor (inventou o pára-raios) e estadista. Foi embaixador na Inglaterra e na França e um dos que assinaram a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América do Norte mas não chegou à presidência.

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