São Paulo é uma antecipação do que pode ocorrer se nada for feito


É preciso que se repita que o episódio da investida do crime organizado sobre a sociedade no estado de São Paulo, particularmente na cidade de São Paulo, iniciado no fim de semana do dia das mães e continuado na semana passada, dada a sua gravidade, é uma evidência gritante da falência da política de segurança pública no Brasil e um prenúncio da escala do que pode acontecer se nada for feito.

“Não estamos mais diante da violência comum. O que enfrentamos hoje é uma forma de terrorismo, é violência pela violência, é crime para manter o crime. O que aconteceu em São Paulo tinha um único propósito: aterrorizar a polícia e a sociedade. Começaram matando policiais, para que eles tenham medo de desempenhar suas funções. Amanhã matarão juízes, em represália ao sistema judiciário; depois, assassinarão os políticos que aprovarem leis para dificultar suas atividades.”

Cristovam Buarque, senador PDT/DF, 19.05.06

É preciso também repetir que a questão não pode mais ser tratada apenas no âmbito do poder executivo estadual que não tem como fazer frente a um tipo de delinqüência que ganha, paulatinamente, abrangência nacional.

“E não adianta esperar que os governadores solucionem o problema. Ele não é mais estadual. A tragédia da violência é uma questão nacional, para a qual não bastam medidas circunstanciais.”

Cristovam Buarque, senador PDT/DF, 19.05.06

Para enfrentar essa tipo de ameaça à sociedade é preciso bem mais do que as reações decorrentes do medo da população. Faz-se necessária uma abordagem que privilegie a inteligência e a articulação policial contra um crime cada vez mais organizado e inteligente.

“A garantia da segurança tem de ser responsabilidade do governo federal. É preciso criar instâncias nacionais que enfrentem o terror que cresce no país. A Polícia Militar precisa ser um órgão federal, com recursos para armar os policiais, garantir-lhes o mesmo treinamento e padrão salarial, independente dos limites de recursos de cada Estado.”

Cristovam Buarque, senador PDT/DF, 19.05.06

As lúcidas palavras de Cristovam Buarque merecem destaque por serem umas das poucas que refletem, neste momento conturbado, compreensão e consistência.

“Não combatemos violência simplesmente prendendo bandidos. Precisamos admitir que nosso desenvolvimento excludente criou o caldeirão e provocou a explosão. Além de melhorar nossas cadeias, devemos construir escolas, e parar a fábrica do crime, que continuará crescendo, se não tomarmos as medidas necessárias.”

Cristovam Buarque, senador PDT/DF, 19.05.06

A criminalidade e a violência assumiram proporções tão graves que um tratamento sério e contínuo do problema por um governo federal, de fato imbuído da vontade de fazê-lo, levará, no mínimo, cinco anos para começar a surtir efeito. A conclusão óbvia decorrente desta triste constatação é que a situação ainda pode piorar nos próximos cinco anos.