Â
Depois de reeleito, o presidente Lula partiu logo em direção ao objetivo correto: a retomada do crescimento econômico sustentado, coisa que o paÃs não vê há 25 anos. Nesse perÃodo, o crescimento médio esteve em torno de 2,5% ao ano, muito longe, portanto, dos mais de 4% ao ano de que o paÃs precisa só para incorporar o contingente de novos entrantes anuais no mercado de trabalho. O problema é que o presidente, apesar de ter estabelecido o objetivo certo, não tem conseguido definir o caminho adequado para alcançá-lo.
âLula venceu, quer o crescimento, não sabe como, pede propostas, ministros virtuais se apressam, são tÃmidos e medÃocres, Lula não está contente, Lula pede mais propostas, seus aliados pedem mais cargos, Lula pede mais crescimento, não sabe a quem, não sabe como.â?
Editorial, Folha de S. Paulo, 26.11.06
Por maior que seja o poder do presidente da República, a retomada do crescimento não depende apenas da sua determinação ou do seu voluntarismo, por mais bem intencionado que seja.
âO crescimento não depende apenas da vontade.â?
Delfim Netto, economista, GloboNews Painel, 25.11.06
Crescimento sustentado (acima de 5% ao ano), por vários anos seguidos, depende, dentre muitas variáveis, de uma coisa essencial: investimento público. E investimento público depende de recursos disponÃveis (sobra do orçamento, ou seja, receita menos despesas), coisa difÃcil no paÃs nos dias atuais.
âO Estado brasileiro não cabe no PIB do paÃs. Drena 40% e investe apenas 2,5%.â?
Eduardo Giannetti, GloboNews Painel, 25.11.06
De fato, como adverte o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, a carga tributária, próxima de 40% do PIB, representa o total da receita pública, cobrada via impostos da sociedade, que, depois de descontadas as despesas correntes e as despesas com juros, só permite, a duras penas, um investimento público de 2,5% do PIB.
âTaxas pÃfias de investimento público ameaçam estrangular qualquer projeção otimista para o PIB dos próximos anos.â?
Editorial, Folha de S. Paulo, 26.11.06
O Ipea, entidade de estudos ligada ao governo federal, em recente trabalho publicado chega a dizer que, por conta dos estrangulamentos monetários e fiscais, crescimento sustentado só em 2017.
âAinda que promova melhorias no cenário econômico, o Brasil só poderá atingir um ciclo de crescimento sustentado de 5% em meados da próxima década. A taxa seria atingida em 2017, desde que adotado um programa para permitir a queda dos juros e da carga tributária. Por enquanto, os problemas do setor elétrico e a baixa taxa de investimento da economia, atualmente na casa dos 20% do PIB, impedem uma expansão sustentada a taxas muito acima de 3,5% ao ano no curto e médio prazos. Se o crescimento for superior a 4% ao ano, há risco de um novo apagão.â?
O Estado de S. Paulo, 14.11.06
Se o Ipea estiver certo, ao segundo governo Lula caberá, se competente, apenas lançar as bases para que isso aconteça. Resta torcer para que ele possa, e consiga mais.