A grande novidade no cenário internacional ocorrida na semana passada foi a reunião do G20 (grupo das maiores economias do planeta, representando cerca de 85% do PIB mundial, 64% da população do planeta e 80% do comércio internacional) em Londres. A origem do G20 é controversa mas hoje, no mundo pós-crise, passa a representar, inegavelmente, o principal diretório econômico do planeta.
“De um professor de Economia para um aluno que não sabia o que é o G20: ‘É uma versão atual do G8, grupo dos sete países mais ricos que costumava convidar a Rússia para seus encontros. Mas antes deles havia o G5, também chamado de G10, tantos os penetras em suas reuniões. O grupo evoluiu para o G77, composto de 130 nações.’ É…”
Sonia Racy, colunista, Estado de S. Paulo, 02.04.09
Chamou também a atenção, além de alguns avanços que surpreenderam os analistas, a importância da participação do Brasil e do presidente Lula que, além de sair na foto sentado ao lado da rainha Elizabeth e dizer que fazia questão de emprestar dinheiro ao FMI, ainda foi midiaticamente distinguido pela saudação do presidente Obama que o apresentou ao primeiro-ministro da Austrália como o “cara”, o “político mais popular do mundo” e “boa pinta”.
“This is my man, right here, I love this guy.”
Barack Obama, BBC Brasil, 02.04.09
Na cúpula, o presidente Lula, além do justo reconhecimento como liderança carismática, personificou a crescente importância do Brasil no cenário internacional.
“Seu prestígio decorre, contudo, não apenas de sua personalidade flexível e pragmática, mas sobretudo do papel que o Brasil passou a exercer entre as maiores economias, e as maiores democracias do mundo.”
Editorial da Folha de S. Paulo, 05.04.09
De um modo geral, a reunião foi considerada positiva e responsável por alguns avanços importantes, embora ainda tímidos diante da magnitude da crise econômica que atinge o planeta (o crescimento global deve ser negativo pela primeira vez desde a II Guerra e o comércio mundial deve cair 10% em 2009, fato inédito nos últimos 30 anos).
“Como fórum de decisões econômicas, de onde se poderia erguer uma muralha contra a recessão mundial, a cúpula do G20 colocou apenas os primeiros tijolos. Timidamente. Decidiu injetar 1,1 trilhão de dólares para reanimar a economia mundial e ajudar os encrencados, apertar a fiscalização sobre as zonas mais obscuras do mercado financeiro e baixar o torniquete sobre os paraísos fiscais.”
André Petry, jornalista, revista Veja, 08.04.09
Além disso, o comunicado final avançou na direção da sustentabilidade ao reafirmar, ainda que também timidamente, o compromisso com uma saída “verde” para a crise. Verde que, por sinal, é a cor da esperança.
“O que se pode dizer com certeza da reunião do G20 em Londres é que ela, pelo menos momentaneamente, devolveu ao mundo uma mercadoria em falta — e absolutamente vital em qualquer plano de recuperação econômica: a esperança.”
Paulo Nogueira, jornalista, revista Época, 06.04.09